quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

MOSQUEIRO, JÁ FOI UM PARAÍSO

Mosqueiro é uma destas dádivas da natureza que Belém insiste em não merecer.
Como fim de ano é sempre uma ocasião propícia para espoliá-la um pouco mais, o UFPA 2.0 está lançando, como alerta, mais uma preciosidade da coleção Paul Albuquerque. São dois pequenos vídeos que guardam uma distância de quase 20 anos entre si. Embora duas décadas separem as gravações, a paisagem ainda se mantinha inalterada. A praia, numa metáfora, está como no dia da criação.
No primeiro vídeo feito no início dos anos 1950, seus filhos Paul Marcus e Cara brincam em companhia da avó na Praia de São Francisco. Ali o pai de Paul tinha uma belíssima propriedade, onde hoje ficam as parabólicas da Embratel.
A outra gravação, do final dos anos 1960, Paul filma o irmão mais novo, Jack, acompanhado do Pe. Redentorista Marcos.
Veja aqui o trailer:

Depois confira tudo aqui.
Bem que o Paul Marcos podia lá no blog do UFPA 2.0 dar canja e contar para a gente detalhes sobre estes dois vídeos.



quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

ESTRAGANDO A FESTA DE NATAL

No hemisfério norte, criaram esta lenda tão legal, a do Papai Noel, o bom velhinho, pai de todos, quase tão universal como um deus pai, que até muitos podem achar, quem sabe, que o Papai Noel é mais um dos pais do menino Jesus?


Os anglo-saxões embrulharam a lenda para presente e com isso esquentaram o tempo invernal do Natal com o calor da ideia de um tempo de dar e receber. Pode ser que em alguns períodos dos séculos 19 e 20 enquanto as potências européias não estivessem guerreando entre si e sobretudo depois que grande levas de emigrantes deixaram o continente, que o Papai Noel tenha chegado à casa de todos.


Mas quando ao ultrapassar o Equador, chegando no hemisferio sul, Papai Noel começa a sofrer ataques à sua imagem de "pai de todos".  Assis Valente questiona: "Eu pensei qur todo mundo fosse filho de Papai Noel? 
Esses mulatos de Santo Amaro foram sempre uns abusados.
Pensam o quê, que desigualdades sociais se resolvam de uma hora para outra, a Europa conseguiu chegar onde chegou depois de séculos de luta, querem ganhar igualdade cantando samba?
Veja nesta criativa interpretaçao do Pato Fu que encerrou o Fantastico alguns anos atrás.




Mas não ficou por ai a desconstrução do mito do PN.
Brasileiro não perde mesmo a mania de macunamizar tudo, de carnavalizar, de misturar símbolos, de praticar a antropofagia cultural, uma vez o bispo Sardinha,  outra rotundo o Santa Claus, não mais submetido a exigências metafísicas da trazer a felicidade universal, agora com Adoniran Barbosa entra no cotidiano de um cortiço, de uma favela, e termina numa pantomima tragicômica.
Veja a Véspera de Natal com os Demônios da Garoa.



Tanto fizeram que deixaram o Papai Noel nuzinho.



sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

ANIMAL

O cara protesta contra a destruição do patrimônio natural ....


destruindo o patrimônio cultural.


Esse cara é humano?

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

TESOURO DA UFPA, BIBLIOTECA CENTRAL FAZ 50 ANOS

A nossa Biblioteca Central faz 50 anos, além de homenagear a Graça Pena e todos aqueles que zelam por este patrimônio e nos permitem chegar ao maravilhoso mundo dos livros, não podemos deixar de relembrar dois nomes fundamentais na história desta instituição, José da Silveira Neto e Clodoaldo Beckman.
Com Silveira Neto só tive um contato pessoal na varanda de sua belíssima casa na Quintino quando prestou um longo e interessante depoimento a mim e ao Geraldo Coelho para um projeto de documentação de memória que a ADUFPA produzia por ocasião dos 30 anos da UFPA.
Já com Clodoaldo só nos unia o amor aos livros. Com a saida de Ronaldo Araujo da Pro-reitoria de Pesquisa e Pós Graduação, ele pro-reitor de planejamento de Daniel, assumiu interinamente e tratou de dar uma desinfetada no ambiente, a primeira vítima do detefon ideológio fui eu, coordenador de Pesquisa, por ser comunista da ADUFPA.
Depois convidado para depor no projeto de memória dos 30 anos da UFPA, como tinha prodigiosa memória e uma língua solta contou coisas e loisas.
Fomos colegas da comissão dos festejos dos 50 anos da UFPA cujo critério de escolha, segundo o reitor Alex Fiuza de Mello, era o de serem pessoas que, reconhecidamente, amavam nossa universidade.
O que mais aprecio na contribuição destes dois fundadores é a preocupação de formar além de coleções convencionais, o de adquirir um acervo de obras raras, manuscritos, coleções particulares o que dão amnossa biblioteca um carater absolutamente particular.
Outra grande contribuição de Clodoaldo foi, com a estrutura do curso de Biblioteconomia da UFPA, ter catalogado a biblioteca do Grêmio Literário Português.
São tantos os tesouros mais escolhi para esta homenagem um sublime, uma coleção de desenhos de Beija Flores do Brasil descritos por Th. Descourtilz e traduzido por CARLOS DRUMMONT DE ANDRADE.
Podem se encantar.





terça-feira, 18 de dezembro de 2012

MAIS IMPORTANTE QUE O FATO É O RELATO

Esta é uma história da luta de Eros um deus primordial, filho de Caos, belo e irresistível, sempre ignorando o bom senso, e agindo como criança.


Contra o vaidoso Lúcifer, o mais belo dos anjos, antes da queda, que nem a deus quis se curvar.

Quem vencerá?
Eros, o amor ingênuo e leve que torna a todos criança.
Ou Lúcifer com sua sede de conquistas e glórias?

O fato é recorrente entre grupos de casais amigos que saem juntos, e, de repente, pinta um lance entre dois.

Pois é aconteceu, não deu mais pra segurar e explodiu. Num dia em que o marido dela e a mulher dele estavam viajando.

Na hora combinada estão no shopping Boulevard, ela sem carro, ele no dele. Ela tomando café, ele passa, se encontram normalmente e conversam, ele diz o piso da garagem onde está estacionado. Daí a pouco (como naquelas operações policiais em que as portas se abem ao mesmo tempo), e lá estão os dois, protegidos pela película bem mais escura que a permitida.

Ela nervosíssima achava que tinha sido vista pela concunhada do marido da ex-vizinha. Ele resolveu dar um giro na cidade enquato ela se tranquiliza.
Mais calma, ela pergunta se o carro tem adaptador pra iPhone, tinha feito uma seleção especial, começando pelas músicas dos 15 anos da filha dele, quando o clima pintou pela primeira vez.

Situação controlada, ele já pega a Pedro Alvares Cabral, ela aumenta o som, se pendura no pescoço dele, as mão passeiam livremente, o sinal fecha, beijos, chupões...

pulsação a mil, temperatura a mil, ela a mil, o vestido já subiu, ela já quase em cima do câmbio, testosterona corre nas veias, pulsam, crescem, endurecem. Ondas de estrogênio humidecem, melam, escorem.

Ele dá sinal de pisca-pisca pra entrar no motel.

Ela diminui bruscamente o som:

Amooor promete que você não vai contar pra ninguém!

Ele vira o pisca para o outro lado, muda rapidamente de direção.

Ah! se não pode contar, não tem jogo.

sábado, 15 de dezembro de 2012

ESTÁ É PARA ALIVIAR: DÁ LICENÇA CULEGA!

Esta me contou o querido amigo Bené Monteiro, autor do mais amazônico romance da segunda metade do 20: VerdeVagomundo.
Teria acontecido no dia da inauguração de Brasília 21 de abril de 1960.

Da Assembleia Legislativa do Pará foram indicados 2 representantes para a festa, Bené e o Deputado cametaense Amilcar Moreira.
Depois da seção de instalação oficial da Câmara Federal em Brasília, discurso que não acabava mais, saem todos igualmente perdidos, vários procuram os sanitários e logo se formam longas filas.
Agenor já estava nas últimas, resolve apelar para a compreensão dos demais e sai furando a fila:
Dá licença!
Da licença seu dotô!
Licencinha faz favor!
Por favorzinho!
E pedia a São João Batista, padroeiro dos cametaeses:
- Ai meu santinho, não me deixai passar um vexame desses. Vossa merce, que vivia solitário no deserto, nem imagina o que é isso.
Se essa cobrinha andá ligeiro e eu não passar a vergonha de chegar no baile da noite todo vertido, prometo meu santinho, de passar um ano sem comer ao meno um daqueles maparazinhos, por mais gitito que seja.

Parace que houve alguma intervenção extraterrena e a fila andou mais rápido.
Quando se aproxima do mictório, daqueles de calha, já trancando as pernas, viu que tinha ums frestinha entre dois figurões encasacados e enfiou-se no meio.
Só teve tempo de dizer:
Dá licença seu culega!
Dá licença seu culega!

E aliaviava-se dividido entre o sentimento de gratidão ao santo e o arrependimento pela promessa de um ano sem mapará. Isso foi um átimo
A figura de quase 2 m de altura e arrogância, a quem pedira licença, pergunta.
O senhor é desembargador?
Não!
Catedrático de algum faculdade?
Também não!
Membro de alguma academia de letras jurídica?
Não!

Desculpe-me, mas nós somos colegas de que?

Culegas de mijada, ora!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

O RETRATO QUE TE DEI, SE AINDA TENS NÃO SEI, MAS SE TIVER DEVOLVA-ME

Entre as opiniões sobre o post “COMO NIEMEYER CHEGOU NO ENTRONCAMENTO”, recebi um comentário irritado, cobrando-me direitos sobre uma imagem que utilizei para ilustrar o referido o texto. Como não havia entendido - inteiramente – o teor das reclamações, pedi à autora me explicasse melhor a questão. A resposta veio grosseira e equivocada.

Sou acusado de:

1- usar uma fotografia de sua autoria e não atribuir-lhe os créditos.

R= No mundo da internet não há nada que prove a autoria da citada foto, o fato de estar no blog dela não indica autoria. Na internet, as fotos consideradas autorais são identificadas pelo sinal @, seguido do nome do fotógrafo, ou por uma legenda do tipo “foto de”.

O modo mais adequado, para quem deseja marcar a autoria de uma foto, é usar um programa que adiciona à imagem uma marca d'água, com o nome fotógrafo e, se quiser, com as permissões de uso, copy right, copy left, etc.

Pronto resolvi o problema, fiz uma "intervenção" na imagem, agora depois de "sampleada" ele é outra coisa, tem outro significado, é de minha autoria.

2- pelo que pude entender, o texto é confuso, sou também acusado de me apropriar das ideias da autora:

“(...) de onde, possivelmente, foi retirada também sem as devidas referências e onde postei entre aspas essa referência da importância da construção do Monumento à Cabanagem como fato referencial objetivo aos cabanos.
A criação do blog Marcos do Tempo visou justamente a difusão de trechos deste meu trabalho, visto que eu encontrava, com muita frequência, citações inspiradas de pessoas que, na verdade, foram achados construídos em articulações e trabalho braçal e intelectual árduo, sob a orientação da professora arquiteta e futura doutora Elna Trindade e co-orientação do MSc Tadeu Costa.
Ideias, amigo, bem citas, são apropriáveis e nem sempre é dado crédito, mas construção intelectual e autoral, reza a regra, deve ser respeitada (..).

Então é isso, a autora reclama para si a descoberta de que há dois momentos distintos. O primeiro no qual são homenageados apenas as forças legalistas, imperiais, que reprimiram a Cabanagem, representado pelo monumento à Andrea. E um segundo momento, quando é erguido o monumento de Niemeyer.
Mas isso estáva explicitado claramente nos objetivos da criação da comissão intituída por Jader: resgatar a memória dos Cabanos; tira-los do limbo da história para glorificá-los.
Parece-me óbvio, e razoável supor, que a construção do monumento exaltando a revolução cabana, tinha tamanha carga simbólica que compreensível, para qualquer cidadão. Creio não ter sido objetivo da comissão construir um monumento cujo sentido fosse tão oculto, que só pudesse ser decifrado décadas depois.

Encerro por aqui minha participação nesta história, tenho mais o que fazer, lembrando-me de um personagem que impressionou Goethe em sua Viagem à Itália: São Felipe Neri. A ele Goethe dedicará, mais tarde, um estudo: "Felipe Neri o santo humorista".
O bem humorado Neri, fundou uma ordem cuja divisa, me diverte muito: “Spernere mundum, spernere tu ipsum, spernere te sperni”, que em tradução/traição livre seria:

Não leva a sério o mundo,
não te leva a sério,
não leva a sério quem te leva a sério.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

POR QUE NIEMEYER FICOU NA ENCRUZILHADA?

Uma outra questão sempre discutida é a localização do monumento.

O propósito do monumento na entrada da cidade era ser um marcovisual forte, e que transmitisse uma imagem de modernidade de arrojo para Belém.

Originariamente ele estaria no cento de um grade parque com estacionamento, e seria permitido o acesso e a visitação aos restos mortais dos presidentes cabanos, depositados em uma cripta guarnecida com vitrais de Marianne Perretti, que ornamentam quase todas as grandes obras de Niemeyer, desde a catedral de Brasília.

Os critérios usados por Roque, para fazer a identificação dos restos mortais dos herois Cabanos, foram considerados pouco rigorosos.


Os maledicentes juramentados disseram que entre os despojos havia ossos de animais e, suprema sacanagem, até a sola de um conga.

Uma equipe de bravos Indiana Jones deslocou-se de Belém até Barcarena para resgatar os despojos dos Pais da Pátria Paraense, bem que eles poderiam contribuir, relatando detalhes desta aventurosa e patriótica expedição.



O Roque é um mentiroso!
Um falsificador!
Um deploravel embusteiro!

Novamente lá vem esse pessoal que não tem terapia que dê jeito, querendo desmerecer o nosso Roque Santeiro, que tem uma enorme contribuição para dar substância à paraensidade e já vão logo sapecando em cima dele a fama de ser um falsário, um cigano prestidigitador.
Roque foi profundamente devotado à causa paraense, tudo que fosse do Pará lhe arrebatava: Círio, Ciclo da Borracha, Lemos, Barata, Cabangem. editou a enciclopedia.....etc
Via no culto à Cabanagem forma de incentivo à população paraense de acordar deste sono letárgico, por isso era importante uma grande proximidade, intimidade até com os herois, com as relíquias desses santos.
E nada mais comovedor do que a proximidade física com o que restou do heroi, seus restos mortais.
Ele não falseou, foi digamos, HIPER-REALISTA.
Foi hiper-realista para construir o nosso panteon, como foi aventurosa e cheia de maravilhas a história dos primeiros séculos do Cristianismo.
A busca das relíquias, para dar legitimidade a fé, a prova nos autos, a materialidade do etério. Confunde-se com a própria história da Fé, confirmando-a e negando-a.
Se gerações acreditam, durante séculos que Flávia Júlia Helena Santa Helena, mãe de Constantino, em 337 AD. portanto 304 anos depois, em peregrinação à Palestina, encontra a "Vera Cruz" a verdadeira cruz na qual Cristo martirizado redimiu a humanidade e recomeçou a História, por que não seria crível que cento e poucos anos depois, se encontrasse os restos, os ossos e até farrapos das roupas com que os nossos santos-herois foram sepultados?



Sem essa proximidade quase íntima entre céu e terra, o catolicismo seria uma coisa racional, um calvinismo.

O mito, o nada que é tudo
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia
Cadáver adiado que procria?
Fernando Pessoa

Ninguém aguenta mais realidade do que já estamos expostos.
Ela é mais maligna que raio ultravioleta ou radiação atômica.
Precisamos de mitos, precisamos de sonhos e o conga e os ossos de bicho do Roque, chegando dentro de urnas, sendo recebidas com salvas de tiros e honras de chefe de estado, era essa fuga libertadora.

Melhor seria se os meninos que lá fossem acreditassem que ali estava o rádio e o úmero de Angelim, que lhe tinham sustentado a fama de bom de pontaria, em vez de uma canela de boi.
Ou a tíbia e o perônio da perna de Vinagre, que lhe garantia fugir rapidamente pelos matos, e não um solado de conga.
O sentimento de agregação, de - agora é a palavra da moda - pertencimento, de identidade, de unidade e união, que a crença nestas grandes mentiras causam é um bem de valor intangível.
São tão felizes e saem tão reconfotados e irmanados no mesmo sentimento os peregrinos, que até hoje acreditam que na cripta, abaixo do baldaquino de Bernini, estão os ossos do apóstolo Pedro, a pedra sobre a qual se contruiu o ocidente.


quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

CONFRATERNIZAÇÕES NATALINAS: TÔ FORA


Tenham pena de mim: confraternizações, ainda mais aquelas animadas por pessoas desinibidas, amigo oculto com aquelas advinhações:
- A minha amiga é uma pessoa....
Pagar predas, orações e agradecimentos, compromissos de mudar no ano seguinte...
EU NÃO AGUENTO MAIS !
Não me convidem!

Se não, eu me zango!


Republicando post do ano passado

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

COMO NIEMEYER CHEGOU NO ENTRONCAMENTO

Eu conto o fato
Como o fato foi.

Conto de memória, alguns detalhes podem fugir, mas o cerne da questão não.

Governo Jader Barbalho, (1983-1987), tempos de reconstrução da democracia - a eleição de Tancredo será em 1984 – fatos como as revoltas nativistas, antes desprezados durante a ditadura, eram então valorizados.
Se aproximava a comemoração dos 150 anos da tomada de Belém pelos Cabanos e Jader, advertido por Carlos Roque, resolveu dar significado relevante à data.

Até então, em Belém, existam apenas marcos comemorativos à derrota dos Cabanos. A Rua 13 de Maio, por exemplo, não ganhou esse nome em comemoração a lei Áurea, mas ao dia em que as forças legalistas retomaram Belém em 1836.
Ainda há um monumento em frente ao colégio Santo Antônio, dedicado ao facínora Francisco José de Sousa Soares de Andrea, o Barão de Caçapava, que bombardeou impiedosamente Belém.

O ponto culminante das comemorações seria inauguração do monumento que transformasse a visão sobre os Cabanos. De bandoleiros, "classes infames", saqueadores a heróis da formação da nacionalidade brasileira.

Foi constituída uma comissão designada por decreto do governador (pelo que lembro era presidida pelo Carlos Roque) era integrada pela ala "esquerda do governo" Benedicto Monteiro, procurador Geral do Estado; Itair Silva, Secretário de Justiça; José Akel Fares, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, IAB-Pa, e eu, Flávio Sidrim Nassar, que tinha sido "convidado/indicado" para representar o Departamento de Arquitetura da UFPA. Sinceramente não me lembro se tinha mais alguém. O Manuel Acácio, secretário de Obras?

A ideia era fazer um concurso. Começam as reuniões para discutir como viabilizá-lo. A única voz discordante era a minha. Vínhamos de uma experiência traumática, o concurso do projeto do Centur. Ninguém admitia falar em outra modalidade, os tempos eram democráticos, o concurso daria oportunidade a todos. Eu, cavaleiro solitário, insistia. Nos bastidores o Akel concordava comigo, só que na condição de presidente do IAB não podia ter senão um posicionamento corporativo.
Já estavam redigindo o regimento do concurso, e, cada vez mais, ficava provada a complexidade e a dificuldade daquele processo, que, como o do CENTUR, não garantia a qualidade.
Um dia, na hora do cafezinho, eu acompanhado do Akel chamei o Roque para uma janela do palácio Lauro Sodré, onde se reunia a comissão, e falei:
Esse negócio não vai dar certo, tu queres ver uma solução que resolve tudo isso e ninguém vai ter coragem de reclamar. Sugere ao Jáder o Niemeyer pra fazer o projeto, pelo tema duvido que ele recuse.
Roque fez cara de paisagem congelada da Sibéria e insistiu:
O Homem quer concurso, vamos fazer o concurso.
A reunião prosseguiu meio sem rumo

Uns 20 dias depois, o jornal mostrou as fotos de Jader e Roque no escritório do ON no Rio

Não me importa como o Roque passou a ideia ao governador, só sei que a bola quicou na frente dele e .... goool.
Isso foi o que nos pareceu entre os sobreviventes da comissão, eu e o Akel.
O outro é o Jader, quem sabe, um dia, conte mais detalhes desta história.

O fato é que Belém ganhou um privilégio; poucas cidades no mundo foram tocadas pelas graças deste deus.

A comissão só foi convocada novamente para a inauguração.
Nosso nome constou em placa de bronze.

Para desespero de muitos, coube ao Jader fazer a mais digna homenagem aos Cabanos e popularizar a palavra Cabanagem. Antes, aquele não-lugar, de estropiada paisagem urbana de Belém, ninguém mais sabia porque, se chamava Entroncamento.

sábado, 8 de dezembro de 2012

PALESTINA : UM BICHO MENOS DESIGUAL (MAS SÓ UM POUCO)

George Orwell em sua extraordinária Revolução dos Bichos, conta que os bichos fizeram a Revolução e ao tomarem o poder decretaram: "Todos os bichos são iguais". Depois, com o passar dos tempos, editam novo decreto: "Existem alguns bichos mais iguais do que os outros".

As Declarações dos Direitos Humanos e a dos Direitos dos Povos, reconhecem que todos tem direito à autodeterminação e a um território soberano.
Considerando o padrão "todos são iguais", o direito de ter um território e autodeterminar-se, o ato da ONU de conceder o status de Estado Observador à Palestina equivale, na classificação de Orwell, a ser um bicho quase igual.
Não tão igual a todos,
E desigual a todos.

Os bichos "mais iguais", segundo Orwell, são os que, em nome da "revolução", comandam o país e vivem uma vida de privilégios.
Na política internacional, os bichos "mais iguais" são aqueles que se consideram responsáveis pela paz mundial e - para mantê-la - promovem guerras depois de guerras.

Vamos admitir que os EUA, que se consideram predestinados a serem a nação líder dos valores da civilização cristã-ocidental (novus ordus seclorum) tenham razão. Essa autovisão está explicitada na escolha dos versos de Virgílio "Iuppiter omnipotens, audacibus adnue cœptis", "Júpiter (deus) todo poderoso favorece nossos audaciosos empreendimentos"; sintetizadas no olho da "divina providência" e nas palavras " Annuit Coeptis" que compõem o selo oficial e estão estampados no dólar dos EUA. Por esse entendimento os EUA seriam os zeladores das boas causas; da paz entre os homens; guardiões da liberdade de expressão e da democracia.

Dentre as humanitárias causas que eles têm patrocinado, para cumprir este mandato emanado do extranatural, uma delas é evitar - a todo custo - o direito do povo palestino ao reconhecimento de seu próprio estado nacional, para que não sejam um bicho como os demais, e sim um menosbicho.
Vejamos quem eles conseguiram convencer a apoiar esta ideia.
A sua fiel colônia ultramarina, o Reino Unido, sempre disposta a dar o segundo tiro, sempre submissos aos desejos da Casa Branca.
Será que os british big felows estavam lá, rente que nem pão quente, com o messias que trouxeram ao mundo?
Não! O RU não votou com os EUA?
Se absteve!!!
E o Iraque que eles libertaram daquele carcará sanguinolento, o Sadan Husein? Que tinha amizade com satã e umas armas de destruição de massas, gases tóxicos....
O Iraque votou a favor da Palestina!!!!


A Líbia, também récem liberta, daquele terrorista devasso Kadafi?
A Líbia, povo ingrato, votou sim!


Vamos ver mais: o Afeganistão, onde foram derrubados os fundamentalistas Talibãs, e, em seu lugar, posto um regime pró-ocidental, esses são muito agradecidos?
Ó que raça de víboras, votaram sim, a favor destes ratos palestinos!
Vamos deixar de lado esses árabes e vamos procurar gente melhor.
Austrália, aí é certo, australiano e americano são quase iguais, só que lá não tem preto, esses com certeza apoiaram integralmente a grande nação do Norte?
Ficaram em cima do muro?
Se abstiveram?
Vamos a esses países chamados de paraísos fiscais, nos quais os americanos depositam o dinheiro sujo que ganham com tráfico de drogas, armas. Da venda de segredos militares, comércio que fazem até com os inimigos: Andorra, Ilhas Fiji, San Marino. Esses se entregaram de corpo e alma? Também não! Estão no muro, nem a favor nem contra?
Vamos agora ver outros países que sempre, ou que recentemente tenham sido beneficiados pelos EUA. Não é possível que só tenhamos gente ingrata que não saiba reconhecer àqueles que lhes fazem bem. A Coréia, por exemplo, só existe porque os EUA a garante econômica e militarmente. O Mônaco, do príncipe filho da Grece Kelly, uma americana, falam mal dele, mas é inveja, esse vai apoiar a pátria de sua mãe. E, finalmente, dois, certíssimos, pois se não fosse o apoio dos estadunidenses aos golpes que derrubaram seus antecessores democraticamente eleitos, eles não se sustentariam, Guatemala e Paraguai. Bem já são quatro, que já permite botar a mão e - até a mãe - no fogo.
Como? Nenhum dos quatro apoiaram?
É a queda do Império Romano! Filhos da puta, em quem se pode confiar ainda?
Estudando as lista de países membros da ONU, encontrei um que me despertou particular curiosidade, Tonga.
Lembram da música do Vinícios eu vou é mandar você .... prá tonga da mironga do cabuletê?
Pois é, esse lugar remoto, cabalístico, mandou tudo para mironga do cabuleta e cravou: YES!
Decepção, a Tonga é tucana, eles subiram no muro, então vão-se pra a Tonga da Mironga.
Espera então: o Obama, o Black man in the white house, não consegui converser Tonga? Este lugar de chingamento, a descer de cima de um muro?
Tá mar ou tá peior!!!
Votaram contra o reconhecimento da Palestina como Estado observador, além dos EUA e de Israel, o Canadá, que muitos dizem que nem é um país de fato, com identidade nacional. Sua economia depende diretamente dos EUA. Apesar de independentes, ainda hoje, se consideram súditos da rainha da Inglaterra.
A República Tcheca, que como todos os países, que deixaram o chamado socialismo real, hoje são praticamente sustentados pelos EUA, senão iriam a bancarrota, o que não recomendaria muito bem o capitalismo como panaceia universal
Os outros "países" que acompanharam o grande líder planetário foram as Ilhas Marshall, Micronésia, Nauru, Palau, não são países independentes, são uma fraude. Eles se dizem independentes para ter direito a um acento na ONU, mas tem um tratado de adesão voluntária aos EUA, a moeda é o dólar  dependem integralmente do patrão.
O Panamá também é um protetorado, a moeda circulante é dólar.
Quando estive lá, um motorista de taxi me disse que o Balboa, moeda local, só se vende para colecionador em lojas especializadas.
Minha avaliação, faço usando um dos maiores símbolos da cultura estadunidense  o cinema de far-west.


Sinceramente, eu acho que pegava muito melhor para os EUA e Israel, meterem os pés na porta do saloon ...


e ficarem ali, com cara de bandido malvado, encarando os caubois e o delegado,


do que entrarem disfarçados de bons moços...



acompanhado por um bando de pivetes batedores de carteira, que não podem ser presos porque são "di menor".


Antes só que mal acompanhado.
Seria mais digno.

Mas quem está matando crianças como quem mata moscas, tem alguma preocupação com dignidade?
.
P.S: Por falar em Tonga, alguém sabe onde anda o Avelino? Será que ele tem fotos da Tonga e as fitas da seleção musical que tocava, precisamos resgatar esta memória?

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

OSCAR, O CRIADOR

Oscar é um gênio!
Gênios há tantos.

Oscar é um deus!
Há imperfeiçoes em suas obras?
Consta que somos feitos à imagem e semelhança de um deus.
Quanta imperfeição trazemos

Para o meu amigo Massimo Gennari, que representou o escritório de Niemeyer na Itália, como se fosse a coisa mais natural, Gennari pegava o celular e dizia:
Ciao Oscar, sono Massimo, sono in Brasile, voglio veder te domani!
E a resposta era sempre afirmativa.
Gennari é citado em varias entrevistas de "Oscar" e em livros.
Se eu não conheci pessoalmente um deus, pelo menos um que falava diretamente com ele.

E para o Jamilzinho que recitou para eu ouvir, pela primera vez, o poema do hoje Ferreira Gullamargo:
No ombro do planeta
....
Oscar depositou
para sempre
uma ave uma flor
(ele não fez de pedra
...
fez de asas).