segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Da Série: O direito de ser do contra 1

Neste nosso universo de minúsculas conquistas, dominamos o mundo com o açaí, somos a pátria da síntese global-suburbano com o tecno-brega e agora já despontamos como introdutores de um novo material reciclável, não poluente, includente, alternativo, nativo, patativo: o miriti.
Antes de uso sazonal, aparecia no tempo do Círio, agora no quotidiano virou embalagem exótica que já é exportada, maquete de arquitetura, caixa para brinde de grandes corporações, etc.
O SEBRAE dá curso para os produtores virarem empreendedores, governos apoiam, ONG's deliram.
Tudo isso embrulhado no papel de presente falso, do ecológico, do sustentável, da maneira de incluir o "ribeirinho" no mercado global. Um feito extraordinário para os adeptos do mundo glocal. Uhaau!
E seguem felizes e saltitantes o bloco dos contentes
Conversei com um ongueiro, destes "todo orgânico" e que apoia emocionado desing de novos produtos em Miriti, perguntei se ele sabia quanto tempo leva pra crescer um pé de Miriti, e se eles já haviam calculado o impacto da nova economia do miriti sobre o ambiente.
Não sabia.
A germinação é lenta e irregular. No período de 60 dias germinam cerca de 30% e mais 30% podem germinar aos 10 meses após a semeadura. O crescimento da planta é lento. Veja aqui.
Alguém ai já calculou quantas palmas de filhotão de miriti estão sendo derrubadas por dia para atender esta nova moda?
Existe algum programa de replantio?
Tem alguma OGN estudando modos mais rápidos de reprodução e crescimento da palmeira?
Tem algum banco de desenvolvimento preocupado com o problema?
O IBAMA tem alguma posição?
A Secretaria de Meio Ambiente já pensou no assunto?
Então me deixem no direito de implicar com esta moda de miriti pra lá, miriti pra cá. Miriti é a nova cara do Pará.

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