domingo, 30 de janeiro de 2011

Buracos merecem comentários

O post Cidade Estropiada 2 mereceu dois importantes comentários.
Do Yúdice Andrade, que entre tantas coisas que faz ainda é Blogueiro do Flanar.
"Juridicamente, o poder público pode e deve cobrar do causador do dano o ressarcimento das despesas. Mas ninguém faz isso, em lugar algum do país. Recordo-me de ter lido uma única notícia, em toda a minha vida, de uma prefeitura que ameaçou cobrar dos motoristas os custos de conserto de postes quebrados em acidentes, mas não sei se a coisa passou da ameaça.
A medida, se implementada, poderia ser útil para mudar um pouco esse estado de coisas.
Conheci o seu blog há alguns dias e o tenho visitado diariamente. Parabéns por ele."


E do professor de Direito Urbanistico da UFPA, Maurício Leal Dias.

"Concordo, Yúdice, com a responsabilidade do particular, por sinal pra mim veículos como caminhões sequer deviam trafegar pela cidade velha, isto porque o poder público, pela omissão na prestação de serviços públicos, deve ser responsabilizado também, pois secularmente estamos aguardando soluções para problemas que se agravam em períodos chuvosos ceifando vidas dos nossos irmãos cariocas e trazendo mais sofrimento ao nosso já tão sofrido povo. Não padecemos de falta de legislação urbanística precisamos aplicá-la."


Um leitor anônimo postou o video abaixo.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Só use se tiver certeza

Estimada leitora,
Se você brigou com seu amor,
Se ele disse que ia e não foi,
Se no dia seguinte não telefonou.
Esta receita do Gregório de Matos, o Boca do Inferno, é tida como de grande eficácia, portanto use-a com moderação.

Sal, cal e alho
Caiam em teu maldito caralho. Amém.
O fogo de Sodoma e Gomorra
em cinzas te reduzam esta porra. Amém.
Tudo em fogo arda,
Tu, teus filhos e o Capitão da Guarda. Amém.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ouviram do Mediterâneo as margens plácidas

De um povo heróico o brado retumbante.

O "brimo"no centro da imagem é o Prêmio Nobel da Paz e Diretor Geral Internacional da Agência Atômica da ONU  Muhamed El Baradei, que comanda a oposição ao tirano Mubarak(que pinta o cabelo), há 30 anos no poder.
A Agência AlJazzera informou que ele teria sido preso.

Depois da Tunísia o Egito


Norte da África é um caldeirão.
Revoluções democráticas derrubam velhos tiranos.
Até aonde vai o efeito dominó do processo que começou na Tunísia e agora sacode o Egito?
Leia aqui.
E aqui.

Cidade Estropiada 3

Peguei uma carona.
Me deixaram na esquina,
da esquina até minha casa menos de 100 metros.
Vejam o que eu vi.
 Um buraco na esquina do Chateau Classique (Magalhães com Três de Maio)

Os canteiros nos pés das mangueiras são depósitos de lixo e o mato cresce livremente.

P.S: Melhor andar de carro.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Cidade Estropiada 2

Rua Siqueira Mendes, Cidade Velha, Belém, Pará.
O caminhão particular quebrou a rua e o dinheiro público conserta.

Se a prefeitura, que tem o poder de polícia não proíbe, de quem é a culpa?

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Cidade estropiada 1

Domingo 23 de janeiro, caminhões da Prefeitura de Belém podaram as mangueiras da Magalhães Barata entre 9 de Janeiro e 3 de Maio. Hoje, terça feira, as 18 h, o panorama era este.
Os restos de galhos abandonados em frente ao Colégio Vilhena Alves.

Dificultavam, ainda mais, os passageiros de apanhar os ônibus.

Terorrismo no Brasil, a propósito do atentado em Moscou

Se o desocupado leitor tiver um pouco de atenção, verá que de um tempo para cá, começa a ser orquestrada uma campanha alegando a vulnerabilidade do Brasil ao terrorismo nas proximidades da Olimpíada do Rio e da Copa do Mundo.
Primeiro foi uma matéria no canal CBN, depois um telegrama do embaixador estadunidense falando sobre o assunto, vazado pelo Wikileaks, teve grande repercussão.
Mais recentemente, uma reportagem da Globo mostrou que uma réplica de um fuzil circulou livremente por diversos aeroportos brasileiros e não foi detectada.
Como diria um amigo meu, que ainda hoje se diz 100% comunista, isso é mais uma ação do imperialismo yanke querendo controlar a segurança do Brasil e, ainda por cima, vender equipamentos, software, inteligência.
Neste caso ele parece ter razão.
Basta entender a lógica do terrorismo para ver que ele não tem interesse em ações no Brasil ou na América Latina.
O terrorismo de origem nas facções extremistas do fundamentalismo islâmico tem nos EUA seu principal inimigo e secundariamente nos países da OTAN que apoiam ações militares no Oriente Médio.
O Brasil e as democracias progressista da América do Sol têm apoiado a criação do estado palestino, o fim das operações militares no Iraque e Afeganistão e negociacoes em outro nível com o Irã. 
Será que os estrategistas do terror querem se isolar ainda mais?
Se entende a neura  dos EUA com medo de serem vítimas de atentados mundo a fora. Para cumprirem essa loucura, também fundamentalista, do destino manifesto, a diplomacia dos EUA secularmente tem sido a do Big Stick (grande cacete), agora eles estão em guerra em diversas pontos do planeta, mantém instalações militares em terras alheias e uma longa tradição de agressividade. 
Nada disso esta presente na historia do Brasil, logo não se venha com ideologias exóticas incompatíveis com a verdadeira índole pacifica do povo brasileiro.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Caminhao afunda na Cidade Velha

Na última sexta a noite, um caminhão trucado afundou na rua Siqueira Mendes, a mais antiga de Belém, danificando a rede de distribuição de água que abastece o bairro.
O tráfego de caminhões pesados e carretas, junto com o excessivo de ônibus, são hoje junto com o descaso dos poderes públicos, os principais inimigos do patrimônio urbano-arquitetônico da Cidade Velha.
A Siqueira Mendes sofre intensamente este massacre pois, estando mais próxima da orla, seu terreno é mais frágil.
Sábado de manhã, registrei que entre o local do acidente e o Largo do Carmo, pelo menos 5 pontos estão vulneráveis a situações semelhantes.
Como diz o caboclo: é só o caminhão acertar em cima deles.

Repetindo o meu mantra: enquanto não houver um plano integrado de requalificação para o bairro não haverá solução e os problemas só se agravarão.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Dilmômetro

A relação política com la Rousseff vai ser definida pela maneira como será designada.
Quem chama-la de PresidentA é aliado incondicional ou está querendo agradá-la.
Veja o comentário do UOL na matéria: Anastasia defende parceria com Dilma,  para a fala do Governador Minas Gerais: O mineiro também fez questão de frisar o termo "presidenta" quatro vezes ao se referir a Dilma --como ela prefere ser chamada.
Quem chama-la de PresidentE ou é adversário, ou inimigo(Rede Globo, Veja, etc) ou imortal, como é o caso do Sarney, que sendo aliado não cedeu ao besteirol politicamente correto, insustentável na gramática corrente.
Como ficamos os que concordamos com seu governo, não somos politicamente corretos e simples mortais?


P.S.1: Politicamente correto = analfabeto político
P.S 2: Será que, concerta-se um grande acordo nacional e posições radicais e ressentidas como a do Serra vão ficando isoladas?
P.S 3: Podermos dizer que estes P.S's se inspiram nos deliciosos do Hélio Gueiros, sem a mesma arte é claro.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Pano legal

Vi e li no livro: Argentina, os anos dourados.
A infanta de Espanha usou nas comemorações dos 100 anos da independência do país de los hermanos, o modelito abaixo.



Anos depois, em uma reunião da nobreza europeia tirou-o do guarda roupa e jogou por cima, de novo.



Imaginem se, daqui há uns três anos, a Marcela Temer aparecer em público com a roupa da posse.
A Revista Caras e todos os comentaristas de moda vão pedir o impeachment do vice.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Casa vizinha ao Palacete Pinho é foco de mosquito da dengue

Recebi de uma pessoa que pediu para não ser identificada a foto abaixo com imagens de um foco de mosquito localizado na casa vizinha ao recem inaugurado Palacete Pinho.
A direita e abaixo o terreno do palacete, no canto esquerdo o deposito de água a céu aberto.

Vamos dar um zoom na imagem, para ver os detalhes.

Isso comprova que, sem um plano integrado de recuperação do bairro não haverá valorização imobiliária que lhe garanta a sustentabilidade.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A Presidenta e o cadeirante


No meio deste debate natural que os politicamente corretos se inscrevessem, Marcos Bagno, professor de Linguística na Universidade de Brasília, acha que é presidenta e dá o seguinte exemplo:
se uma mulher e seu cachorro estão atravessando a rua e um motorista embriagado atinge essa senhora e seu cão, o que vamos encontrar no noticiário é o seguinte: “Mulher e cachorro são atropelados por motorista bêbado”. Não é impressionante? Basta um cachorro para fazer sumir a especificidade feminina de uma mulher e jogá-la dentro da forma supostamente “neutra” do masculino. Se alguém tem um filho e oito filhas, vai dizer que tem nove filhos. Quer dizer que a língua é machista? Não, a língua não é machista, porque a língua não existe: o que existe são falantes da língua, gente de carne e osso que determina os destinos do idioma. E como os destinos do idioma e da sociedade, têm sido determinados desde a pré-história pelos homens, não admira que a marca desse predomínio masculino tenha sido incrustada na gramática das línguas.
Para ler tudo clique aqui.
Sem ser especialista no assunto pergunto ao lingüista como ele explica o fato de que no inglês a maioria dos substantivos são neutros, - exceções como, man, woman, king, queen, etc.  variam - será que os anglo-saxões foram menos machistas quando constituíram sua língua.
É por isso que eu não entendo esses politicamente corretos.

P.S.1: Se um dia eu vier a ser afetado por algum mal que me ataque as pernas, quero ser chamado de aleijado não de cadeirante.
Aleijado pelo menos é o sujeito definido por uma mutilação, cadeirante é o sujeito definido pelo objeto que o transporta. Por exemplo, todo mundo que anda de  carro ou ônibus seria então designado de motorizado.
P.S.2: Imagine se, o próximo presidente for do gênero masculino e uma vez eleito, ache que ele não pode exercer a presidência, palavra feminina, e diga que ele exerce o presidêncio da república.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Tragédia no Rio, de quem é a culpa?

Percebo que a cobertura da grande imprensa sobre a tragédia do Rio de Janeiro, quer sempre resvalar para culpar o governo federal e seus aliados.
Porém, nunca é feita a pergunta sobre as grandes causas destas tragédias urbanas.
A história da segregação espacial e da pobreza urbana no Rio começou no fim do século 19 quando os soldados que tinham ido combater os revoltosos de Canudos se instalaram nas encostas dos morros formando as primeiras favelas.
De lá para cá, só se vem acumulando a iniquidade decorrente da concentração cada vez maior da riqueza que obriga a maioria a viver em condições sub-humanas em morros, encostas, alagados.
Nossas cidades são a representação no espaço da distribuição de renda no Brasil, a urbanização é um luxo para poucos.
Vimos de um círculo vicioso de pobreza: expulso do campo, o brasileiro pobre, se instalava na periferia das grandes cidades, aí só tinham condições de se acomodar precariamente e de forma ilegal. Junte a isso a inobservância dos critérios técnicos e ambientais na execução de obras públicas, tempere com a corrupção. Estão aí todos os elementos da tragédia.
A solução é simples: distribuição de renda, extensão dos benefícios da urbanização aos cinturões de pobreza das grande cidades, ampliar assentamentos rurais que estanque o êxodo rural e atrair novamente para o campo parte desta população de favelados.
Será que esta imprensa está disposta a apoiar este programa?

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Afinal a Dilma é presidente ou presidenta?

Os gramáticos, filólogos e dicionaristas ainda debatem.
Marcos Bagno, professor da UNB já fez até uma análise ideológica.
Mas o debate continua.
Afinal é Presidente ou Presidenta?
De um texto atribuído ao jornalista Leonardo Dantas extraí o seguinte jogo, leia e conclua.
"A candidata a presidenta se comporta como uma adolescenta pouco pacienta que imagina ter virado eleganta para tentar ser nomeada representanta. Esperamos vê-la algum dia sorridenta numa capela ardenta, pois esta dirigenta política, dentre tantas outras suas atitudes barbarizentas, não tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar contenta.”
Concordando ou não veja a explicação:
"No português existem os particípios ativos como derivativos verbais. Por exemplo: o particípio ativo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é existente, o de mendicar é mendicante...
Qual é o particípio ativo do verbo ser? O particípio ativo do verbo ser é ente. Aquele que é: o ente. Aquele que tem entidade.
Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionar à raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte. Portanto, à pessoa que preside é PRESIDENTE, e não "presidenta", independentemente do gênero, masculino ou feminino. Se diz capela ardente, e não capela "ardenta"; se diz estudante, e não "estudanta"; se diz adolescente, e não "adolescenta"; se diz paciente, e não "pacienta".

domingo, 16 de janeiro de 2011

América: uma exposição solar

Em Buenos Aires visitei, na Casa Rosada, uma exposição dedicada aos Libertadores da América, organizada para comemorar os 200 anos da independência da Argentina (1810-2010).
Na entrada principal do palácio, sede do governo, reuniram retratos dos principais líderes da independência de todos os países da América Latina.
À velha guarda como Bolivar,
 Tiradentes,

San Martin, José Martí, Artigas, se juntaram outros não tão habituais como Zapata e Pacho Villa, Farabundo Martí e Sandino.
Os bolerões da primeira metade do século 20, Getúlio,
Perón e a sempre lindíssima Evita
A  jovem guarda com Che Guevara, agora ídolo das vovós.
Dom Oscar Romero,

Salvador Allende, las Madres da Plaza de Mayo
e o índio Túpaj Katari trazido à cena pelo Evo Morales Ayma identificado como presidente do Estado Plurinacional da Bolívia.

Alguns da velha guarda já tinham sido incorporados à historia oficial, mas todos os outros eram considerados populistas, demagogos ou bandidos, bandoleiros, terroristas, subversivos.
Da minha minha geração, tantos pensavam que o sol da liberdade não voltaria mais a brilhar, quanto mais imaginar que, aqueles enxovalhados pelos bem pensantes de então, mesmo se cultuados à margem por poetas e cantores proscritos, seriam reabilitados e homenageados.
Quem, com os parâmetros das elites governantes do anos 1970 poderia imaginar que um operário semi-letrado viria ser o presidente do Brasil e que o levaria a um lugar "nunca antes ocupado na história deste pais"?
Mais ainda, quem diria que aquela menina-guerrilheira, que ocupava um lugar menor na secretaria de organização daqueles minúsculos grupos de luta armada no Brasil, viria a ser sua sucessora?

sábado, 15 de janeiro de 2011

Será o Brasil está preparado para se pensar diferente ?

Quando escrevi REP, PUB e LICA - A república no Brasil no dia 15 de Novembro, tinha intenção de fazer logo um outro post que o complementasse.
Só agora estou conseguindo.
Queria responder a pergunta com a qual terminei a postagem.
Será que estamos preparados para pensar-mo-nos diferentes?
A resposta é no estilo Gilberto Gil, sim OU não? (com ênfase maior no ou).
Não, se continuarmos pensando-nos pequenos, medíocres, sub-desenvolvidos, incapazes de assumir um papel de protagonismo na história da humanidade.
Sim, se olharmos nossa história como ela, com suas vicissitudes, suas ignominias,  mas também com suas grandezas, com a nossa capacidade de adaptação a mudanças, a nossa capacidade de conviver com extremos, com a nossa amabilidade, com as virtudes que o processo de mestiçagem nos propiciaram de forma única no mundo, com peculiaridades que nos colocam em vantagens competitivas em relação a outros neste momento.
(Atenção, não estou falando em destino manifesto como fizeram os pais da pátria estadunidense, com todas as conseqúências deste entendimento; nem de Sebastianismo e Quinto Império, falo aqui de um arranjo de condições favoráveis que devem ser bem aproveitadas)
Partindo desta percepção e deste compromisso conosco e com a humanidade temos que repensar nossas estruturas sociais e políticas com a responsabilidade de quem caminha para ser, em breves anos, a quinta economia do planeta.
Recentemente o senador Aécio Neves falou da necessidade de refundar o PSDB no que foi contestado por um grupo paulista do partido.
Precisamos REINVENTAR o Brasil.
Precisamos REINVENTAR nossas mentalidades, nosso imaginário, nossas organizações políticas e sociais.
Este Brasil, que caminha para ser potencia mundial, não pode mais ser governado pela ideário de um partido de sindicalistas, nem por um outro que, em sua vertente serrista, comportou-se muito mau nas últimas eleições presidenciais, incentivando atitudes que já pareciam banidos na república brasileira.
Neste sentido tanto Lula, quando escolhe para sucedê-lo uma dirigente política advinda da área técnica e não do sindicalismo, e Aécio, podem estar convergindo, não para um único partido, mas para a necessidade de superar o atual quadro ideológico, político e partidário do Brasil, adaptando-o a este projeto nacional que, com marchas e contra-marchas, vem sendo construído desde o inicio do século 20.
Mas uma vez atenção, aqui não estou falando de nacionalismo, nacional-socialismo ou de frente nacional  como é corrente.
Isso vai ter que passar por uma nova constituinte, que eu não sei como vai ser convocada nem quando, só arrisco dizer que não poderá ser dominada pelos interesses dos atuais partidos políticos brasileiros, principalmente que não tenha no PMDB o seu Condestável, mas pela sociedade deste novo Brasil que já vem descendo a ladeira.
Tomará que sim.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Abaixo as batidinhas arcaicas

Tá certo que Belém não tem metrô.
Tá certo que daqui não parta nenhum vôo internacional pra lugar descente. (Paramaribo e Caiena não vale)
O que não esta certo é submeter o homo paraensibus (sub-espécie do homo sapiens nascida no Pará) a continuar a dar aquelas famosas batidinhas depois de fazer xixi, quando já existem novas e revolucionárias toalhas absorventes para eliminar este hábito primal.
Há tempos já são usadas em Sampa, agora pelo Brasil afora.
Quando este marco civilizatório chegará por aqui?



- Foto tirada no aeroporto de Porto Alegre.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

PMDB: o cortejo do atraso

Leia a entrevista que Marcos Nobre concedeu ao Estadão.
Dá medo!

Marcos Nobre é coordenador do Núcleo Direito e Democracia, do Centro Brasileiro de Planejamento e Análise (Cebrap), Professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de 
Campinas (Unicamp), Nobre tem se dedicado ao estudo de um fenômeno singular
da cultura política brasileira, o “peemedebismo” – espécie de consenso
conservador, feito para acomodar todo o mundo e deixar tudo como está. 

*A primeira crise entre PT e PMDB já nos primeiros dias de governo o
surpreendeu?*
**
**Nem um pouco. Mas é bom distinguir o que é tendência de curto prazo do que
é mais longo. Todo governo que se instala passa por isso: se você lembrar a
composição da equipe do primeiro mandato do Fernando Henrique, em 1995, em
janeiro os ministros se xingavam em público. E a verdade é que Dilma foi
muito inteligente em usar Lula como escudo na negociação. Ao deixar circular
que foi ele quem “sugeriu” tais e tais nomes, emplacou na verdade os que ela
queria. A discussão de cargos é apenas uma primeira etapa. Nos próximos três
ou quatro meses é que vamos ver fechar o círculo central do poder. Aí, ou
Dilma terá repactuado sua relação com o PMDB ou terá sérios problemas em seu
governo. 
*O que achou da formação do ministério?*
** 
**Até agora, o perfil se parece com o do governo Lula 1: com peso muito
forte do PT. Minha impressão é que, cedo ou tarde, Dilma terá que entregar
ao PMDB o que ele pede. 
*A temperatura entre aliados subiu mais por causa da Funasa e dos Correios,
áreas historicamente apontadas como focos de corrupção. É por acaso?*
** 
**Nem um pouco. Quando Dilma disse querer pessoas com currículo imaculado
para esses postos, ecoava uma decisão política que tomou com Lula no fim do
governo. O fato de Paulo Bernardo ter ido para as Comunicações e Padilha
para a Saúde tem a ver com isso. Alguém tinha que controlar os Correios,
pois de lá saíram todas as crises do governo Lula, do mensalão ao caso
Erenice. Na Funasa, não estourou nada ainda. Mas o passado, com máfia dos
sanguessugas, etc, mostra que é área delicada. 
*O sr. escreveu um artigo em que diz estarem errados tanto os acadêmicos
tucanos, quando dizem que o Plano Real marcou um novo período da política
brasileira, quanto o cientista político petista André Singer, que aponta o
‘lulismo’ como novidade. Por quê?*
** 
**Porque há um movimento mais fundo na política brasileira, que vem desde a
redemocratização, e trava a polarização necessária para que o sistema
funcione. A democracia necessita de polarizações políticas consistentes, não
apenas episódicas. Durante a redemocratização, os militares conduziram a
transição. Havia, nos anos 80, uma pressão enorme da sociedade civil por
participação, mas não se criaram instituições que pudessem dar vazão a ela.
E passamos de uma situação de travamento total, com a hegemonia do PMDB,
para o cesarismo alucinado do Collor. Dois extremos. 
*Essa polarização não se recolocou em seguida ao impeachment de Collor?*
** 
**Sim, e foi o Plano Real, ainda no governo Itamar, que organizou isso.
Quando Erundina é convidada a participar do governo e o PT recusa, opta pela
oposição. Surgem dois polos que enfraquecem o ‘peemedebismo’. 
*O que é exatamente o peemedebismo?*
** 
**É uma cultura política que tem como características estar no poder –
igualar sobrevivência política com adesão a quem estiver no governo – e não
ter consistência ideológica, um discurso completamente anódino, que qualquer
um pode subscrever. É um sistema de gerenciamento de interesses no qual,
como ninguém formula nada muito precisamente, todo mundo pode entrar. Fazer
política dentro do peemedebismo significa receber direito de veto sobre
algumas questões: a bancada evangélica pode vetar qualquer coisa que diga
respeito à religião; a ruralista, questões relativas à terra; e assim por
diante. 
*Se o Plano Real criou uma polaridade que enfraqueceu o peemedebismo, por
que o sr. diz que o plano não representa novidade?*
** 
**Porque não superou o peemedebismo, apenas o reorganizou, produzindo a
polarização que durou alguns anos. De um lado, o PSDB e o então PFL; de
outro, o PT e seus satélites. Tudo que fica no meio é o peemedebismo, que
volta agora com força. 
*E os oito anos de governo Lula, trouxeram algo de novo em relação a esse
consenso conservador?*
** 
**O peemedebismo é extremamente conservador, como eu disse, pois você só
consegue fazer transformações desviando-se dos vetos. Quando um projeto vai
para o Congresso, tudo que for matéria de veto nem se discute, simplesmente
tira-se do projeto. Por isso Lula optou por apresentar políticas que podiam
até ser questionadas, mas não sofreriam veto – como o Bolsa-Família e os
aumentos sistemáticos no salário mínimo, que os tucanos consideravam
impossíveis. O combate à pobreza, contra o qual ninguém pode ser contra, é o
que Lula introduziu de novo no tripé de FHC: câmbio flutuante, superávit
fiscal e política de juros. 
*Então a frase dita por FHC, de que resta aos governos progressistas no
Brasil atuar como ‘vanguarda do atraso’, está correta?*
** 
**Fernando Henrique pegou essa frase do ex-ministro da Justiça de Sarney,
Fernando Lyra, que a disse da tribuna da Câmara, em 1986. É uma expressão
incrível. E de uma época em que, suprema ironia, Sarney é que era refém do
PMDB... 
*Essa cultura do peemedebismo vai além do partido PMDB?*
** 
**O PMDB é como se fosse a ponta do iceberg do peemedebismo. Este é um
fenômeno de longo prazo, que vai além da agremiação partidária. Para mim,
por exemplo, Aécio Neves é uma das maiores expressões do peemedebismo. O que
ele tem para dizer? Nada. Seu discurso é anódino e ele nunca tem uma posição
contra alguma coisa. Por isso é fácil imaginar que se o PSDB não deixá-lo se
candidatar à Presidência, Aécio vai procurar outra opção partidária. 
*A presença do PMDB no governo petista é comparável à do ex-PFL nos anos
FHC?*
** 
**O PFL aceitou a liderança ideológica e a direção de governo do PSDB. O
PMDB tende a ter o mesmo papel, mas até o momento não se submeteu. Por isso
digo que, ou Dilma consegue renegociar os dividendos políticos com o PMDB,
ou o partido não vai aceitar a liderança petista no governo. Veja que a
presidente elencou dois projetos prioritários para o seu mandato: erradicar
a miséria e fazer o plano nacional de banda larga. O acordo fechado entre os
dois partidos é que desses dois projetos Dilma cuidará de perto, sem
interferências – embora o PMDB possa até partilhar dividendos políticos. O
problema é que ela ainda tem uma Copa do Mundo e uma Olimpíada para
organizar, que poderão servir como matéria de chantagem por parte do PMDB. 
*Como esse acordo foi fechado?*
** 
**O padrão de relacionamento entre o PT e o PMDB começou no Ministério das
Minas e Energia, com Dilma. Quando a então ministra montou o Luz Para Todos,
a liderança, a formulação do projeto e sua implementação ficaram com ela –
mas o dividendo político, os louros do negócio, seriam dos prefeitos do
PMDB. Porque o que o PMDB quer é aquele pequeno serviço ou obra pública no
município que o prefeito da sigla possa vender como seus. Então, havia uma
certa divisão do butim. Em minha opinião, foi por isso que Lula escolheu
Dilma como candidata a sua sucessão: ele viu que ela era capaz de negociar
com o PMDB. 
*Isso não está parecendo tão fácil agora...*
** 
**Neste momento, essa divisão que funcionava está em causa. O que Dilma quer
é reestabelecer um tipo de relação com o partido aliado nos moldes da que
havia no programa Luz Para Todos. 
*Por que o sr. diz que, após o mensalão, as alianças que Lula formou
tornaram ‘quase impossível’ a vida de um oposicionista?*
** 
**Muitos dizem que o PSDB e o DEM não souberam fazer oposição a Lula. É um
engano, pois o problema é estrutural. Diante do predomínio desse centro
conservador, a polarização que tínhamos no Brasil durante os anos FHC só
funcionava porque havia um partido com vitalidade bastante para permanecer
na oposição por muito tempo, o PT. Quando ele vai para o governo e, após a
crise do mensalão, compõe com esse centro, enfraquece a polarização. 
*É isso que explica a permanência de Sarney na presidência do Senado, apesar
dos protestos da sociedade e da imprensa?*
** 
**Exatamente. Sarney é o símbolo do peemedebismo: tem doutorado,
livre-docência e titularidade sobre seu funcionamento. E esse predomínio do
peemedebismo pode levar a um fechamento do sistema político para a
sociedade. Veja a sucessão de crises e seus efeitos cada vez menores:
primeiro Collor é derrubado por impeachment, depois ACM e Jader Barbalho são
obrigados a renunciar, então Renan Calheiros deixa a presidência do Senado,
mas não renuncia e, por fim, Sarney nem sai da presidência nem renuncia. A
gente pode gritar quanto quiser porque o sistema está começando a se fechar
em si mesmo, está em divórcio muito grave com a sociedade. O que esse
sistema político diz? “Enquanto estivermos nesta bonança econômica podemos
dar uma banana para a relação com a sociedade.” Agora, uma coisa é fazer
isso com um líder popular como Lula mediando as demandas. Outra é com Dilma. 
*Dilma tem espaço para escapar desse arranjo que atrasa a modernização do
País?*
** 
**Que Dilma pode escapar, pode. Mas as opções que ela tem são muito
restritas. É provavelmente a presidente com possibilidades mais restritas
que já assumiu. Do ponto de vista político, as mãos dela estão acorrentadas.
E a verdade é que, hoje, o jogo não se dá mais entre governo e oposição: ele
migrou para dentro do governo. 
*O peemedebismo pode ser superado?*
** 
**Não por acaso, Lula saiu do poder dizendo que sua prioridade é juntar
lideranças para propor a reforma política. O ex-presidente não é a pessoa
mais indicada para encaminhá-la, mas ela é necessária. Temos de produzir um
sistema político que permita a polarização, no qual quem governa não seja
engolido pela peemedebização. Para isso, não há receita, mas é preciso que o
debate – da cláusula de barreira ao financiamento de campanha, por exemplo –
seja pautado por esse objetivo. Senão, vamos continuar em uma democracia que
patina, discute assuntos tópicos de maneira acalorada, mas não avança em
reforma alguma nem desenvolve sua cultura democrática. 

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Cara de pau, Duciomar se compara a Lemos.

Vejam o convite abaixo para a exposição: Entre as imagens e memórias do Poder, que a PMB organizou pelos 395 anos de Bel.
Façam a interpretação simbólica do que se vê.
Ao fundo, no retrato de maior dimensões está António Lemos, prefeito símbolo de Belém, cujos horizontes não foram superados pelas mediocridades que lhe sucederam.
Algumas figuras, deste passado medíocre, que não dá para identificar.
Dos recentes só Hélio Gueiros, quase em foto 3X4.
No primeiro plano, a segunda imagem em tamanho, impávido colosso: Dudu, o Duciomar.

PS: Além de pretensioso, a coisa que esta destruindo Belém, ainda é mau agradecido, não colocou entre seus antecessores o Almir Gabriel, que foi o grande responsável pela sua primeira eleição majoritária. 

Só restauro não salva Palacete Pinho



O restauro do Palacete Pinho é sem duvida uma conquista da cidadania belemense que lutou pela sua preservação desde 1986.
Só que a alegria desta vitória ameaça a acabar com a inauguração.  Além do risco da prefeitura simplesmente inaugurar para dar a impressão de que cuida do centro histórico, um outro problema, mais grave, poderá inviabilizar a sua utilização como agente de requalificação do bairro histórico. 
Já esta comprovado que o esforço de recuperar um imóvel sem que o tecido urbano no entorno seja reestruturado é sempre inócuo, pois o acaba sem um uso sustentável, veja o caso do palacete Bolonha, também restaurado faz menos de 10 anos e que agora está fechado.
Outro exemplo são as obras feitas no chamado complexo Feliz Lusitânia, também intervenções de qualidade, mas que não conseguiram mudar a cara do bairro que continua deteriorado e descaracterizado.
São muitos os problemas, dentre os quais destaco a inexistência de definições para a circulação de veículos permite que muitos ónibus, caminhões  e carretas circulem pela rua Dr. Assis produzindo barulho, poeira e criando entre os dois lados da rua uma barreira, além de física, psicológica.
A Cidade Velha precisa de um plano de requalificação, que defina usos a serem incentivados, regule a circulação de veículos, defina gabaritos, regulamente a criação de vagas de garagem e estacionamento, recupere as ruas e as praças para devolve-las aos moradores do bairro e da cidade.


A foto é do Dirceu Maues

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Memórias do Palacete Pinho

O José Vasconcelos Paiva, foi meu colega no curso de Arquitetura, hoje é Desing Gráfico e nos traz um interessante depoimento sobre o Palacete.
Reproduzo aqui o comentário do Paiva.
Peço que ele busque em suas memórias mais informações. Pouco se sabe dos seus proprietários.


Tive a felicidade de conhecer o Palacete Pinho, ainda mobiliado, estive no leilão e me lembro de algumas coisa.
O Comendador Pinho, também era proprietário do terreno em frente, hoje comprado pela Yamada. A finalidade era não deixar ninguém ficar, digamos, espiar suas filhas. Nenhuma casou. O tia de minha madastra Rosa Oliveira, morava lá, a Zeca, carinhosamente chamada e era dada ao vício do álcool.
Quem administrava o Palacete ápós a morte das herdeiras era o Dr. Eduardo Braga.
O palacete, possui no lado esquerdo de quem estava de frente duas salas. Na primeira via-se ao fundo um grande console de porta a porta, encimado por um grande espelho em cristal e sobre o console potiches em porcelana chinesa, dois e bem grandes. No lado direito na segunda sala chamada a atenção uma grande mesa com mês de dragões e uma barra que parecia um renda feita na madeira, comentou-se que teria sido vendida para um antiquário do Sul do País. Na grande sala que pegava de ponta a ponta o terreno, via-se mesas e conjuntos de móveis, tipo austríacos, porém muito e muito mal conservados. Os grandes lustres, em cristal, eram local de teias de aranha, braços quebrados e poeira. O saudoso Elias Ohana, foi quem restaurou alguns e hoje se encontram em grandes casas de Belém. Infelizmente não posso citar estes nomes. No porão tinham caixas e caixas de azulejos para reposição, foram arrematados no leilão, que durou três dias. Tinha presépio antigo e outras coisa. No segundo andar grandes guarda-roupas, com imensas portas, uma só, espelhadas com grandes cristais e dentro as casacas ficaram até o dia do leilão. As herdeiras tinham uma pequena televisão preto e branco tipo 14 polegadas e adoravam ficar olhando a novidade. Fico muito feliz com a restauração e hoje certamente para mim será uma grande emoção voltar e reviver as emoções. Na minha casa ainda tenho uma pequena lembrança: quadro ladrinhos hidráulicos, usados no piso do terrace.

Duciomar inaugurará só a casca do Palacete Pinho

A coisa que esta destruindo Belém vai inaugurar, debaixo de vara, só a casca externa do Palacete Pinho. 
Para recordar, o Palacete começou a ser restaurado pela administração Edimilson Rodrigues, que deixou quase no ponto de ser inaugurado e com os recursos assegurados, quando a coisa assumiu as obras foram paralisadas e só foram retomadas depois que o prefeito foi obrigado, pela justiça, a fazê-lo.
A despeito das obras terem sido feitas dentro dos padrões técnicos a prefeitura ainda não sabe o que vai fazer do local, tanto que o prédio vai ser inaugurado sem nenhum recheio.
Aliais, sabe sim, não vai fazer nada e o prédio vai se deteriorar novamente. 
Podem anotar, depois da inauguração o prédio vai ficar abandonado.
Tomara que eu esteja errado!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Prefeitura inaugura obra de R$1,99 no aniversário de Belém.

O grande momento organizado pela prefeitura para o dia do aniversário de Belém é a inauguração do Palacete Pinho na Dr. Assis, obra que concluiu sob ameaça  da Justiça  Federal de cobrar multa de um milhão de reais do prefeito e da municipalidade, caso a obra não fosse retomada. 
Pois bem, para que os convidados não vejam a qualidade das ruas da Cidade Velha a PMB resolveu dar um banho de asfalto na Dr Assis, só que fez no melhor estilo 1,99.
Hoje de manhã os garis retiravam o mato que crescia na rua. 
Enquanto o resto de asfalto era deixado na beira das calçadas.

Cem metros dali, no largo do Carmo, 11:30 da manhã, o lixo da véspera esperava ser retirado.

Novas estéticas para civilizar o território dominado pela barbárie sub-urbana

O José Maria Alencar fez importante comentário à minha entrevista, publicada no Diário do Pará e reproduzida aqui no Blog.
O comentário reproduzo abaixo, mas antes uma observação.
O "entrevistão" que dei ao Diário durou mais de duas horas e foram tratados vários outros temas. A edição ficou muito bem feita, mas justo o tema do "Chega de Saudade" e do "comércio popular" abrigou algumas imprecisões.
Quando falo da vocação para o comércio popular não estou me referindo a Belém como um todo, mas ao antigo Comércio, foi lá que se verificaram as tais intervenções baseadas no saudosismo.
Aquela área jamais voltará a ter os padrões estéticos, que poderemos denominar de charmosos, das fotografias do belíssimo e fundamental álbum Belém da Saudade editado pela SECULT na primeira gestão Paulo Chaves.
Hoje a vocação daquela área é o comércio popular.
O desafio é construir novas estéticas que permitam civilizar aquele espaço agora dominado por uma sub-urbana barbárie.
Vamos ao comentário do Alencar:

Já havia lido a entrevista na edição física do Diário do Pará.
Tenho muitas concordâncias com você.
Belém está perdendo a condição de capital.
Capital vem de caput, capitis. Cabeça, em latim. Cabeça no sentido de importante, de líder, de dirigente.
Belém está ficando descabeçada. Está perdendo importância, liderança e direção.
Se quiser recuperar a condição de cabeça, de capital, vai ter que se reinventar. Só assim pode merecer a condição que detém formalmente, a condição de capital.
Belém está descabeçada e desmiolada. Está perdendo o pouco que lhe resta de massa encefálica. Em corporativês: está perdendo capital intelectual e não tem gestão de conhecimento. Pelo menos gestão visível a um vivente como eu (melhor seria dizer, reconheço, sobrevivente).
Não vai ser fácil se reinventar com pouco mais de dois reais de renda pública per capita por dia. E é por aí que ensaio uma pequena discordância com você a propósito da vocação para o comércio popular. Se for tal como ele está configurado atualmente, Belém está ferrada, pois fica com todos os problemas dele decorrente - inclusive os de segurança - e não recebe um centavo de receita pública, pois a economia informal, por definição, não gera receita pública.
A mãe de todos os problemas de Belém é a sua baixa receita pública per capita. Se a cidade e suas elites - pensantes, dirigentes e governantes - não reconhecermos essa premissa básica, continuaremos nos enganando e enganando a todos com mágicas bestas (tipo essas faltas gratuidades no transporte público de passageiros) e muito marketing.
Muito obrigado por sua contribuição para o debate.


Um PS: concordo com você e Comte-Sponville. A felicidade - nossa e de Belém - só pode existir se for hoje, agora. A nostalgia e a esperança são inimigas da felicidade. Daí a pertinência da proposta de Sponville: a felicidade, desesperadamente.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Chega de saudade, temos que pensar a Belém do amanhã

Antecipando as comemorações dos 395 anos de Belém, o Diário do Pará, na edição deste domingo, publica uma série de matérias sobre a cidade, entre as quais uma entrevista minha.
Confira.

P: Belém completa 395 anos no próximo dia 12. Como o senhor vê a cidade hoje do ponto de vista urbano e arquitetônico? O que falta para que Belém se torne, de fato, uma verdadeira metrópole?
R: Para responder a isso precisamos contextualizar. Belém é uma das cidades “Reais” fundadas no Brasil. No tempo das capitanias hereditárias, o rei dava uma capitania para um nobre, que fundava a cidade, e quando essa cidade tinha um interesse para o rei, era chamada uma Cidade Real. A primeira Cidade Real foi a de Salvador, vindo em seguida o Rio de Janeiro, São Luís e Belém. Eram cidades estratégicas pela sua localização e pelas riquezas que geravam. Quando Belém se torna uma capital do Estado Português, vem para cá uma figura importante para nossa história, o Francisco Xavier de Mendonça Furtado, que governará o Estado, trazendo na sua comitiva o Antônio Landi. Isso em 1753. É quando são criados o palácio do governo, o quartel, o hospital Real e os conventos, a maioria projetada por Landi. Nesse momento, Belém se transforma na sede do poder político e todos os símbolos desse poder.

P: E que benefícios ficaram para nossa cidade advindos dessa época? Hoje estamos no mesmo patamar das outras chamadas ‘Cidades Reais’?
R: Acompanho o que acontece nas outras cidades nos aspectos urbanísticos e culturais e notamos que entre essas quatro cidades, Belém é a que está na pior situação. Não que nossa cidade seja menos dinâmica do ponto de vista econômico. Ocorre que todas as outras cidades elaboraram um plano estratégico para o seu desenvolvimento, o que não ocorreu em Belém. A primeira cidade que começou a trabalhar isso foi Salvador, com o complexo do Pelourinho. A cidade começou a ter uma importante presença no cenário cultural brasileiro. Esse plano mostraria o que a cidade quer ser, o que ela quer fazer com sua história e o que quer desempenhar. Fortaleza, por exemplo, que não tem uma importância relevante do ponto de vista histórico e até os anos 80 era uma cidade medíocre, hoje assumiu um papel estratégico entre as cidades brasileiras e até supera em importância, em alguns momentos, cidades como Recife. Hoje Fortaleza é um centro turístico de referência nacional, com voos diários de diversas empresas para o exterior. Temos que nos perguntar como poderemos ser a capital desse Estado e como poderemos pensar nossa história. O que falta hoje para Belém, desse ponto de vista, é se repensar como região metropolitana, que se perdeu na cultura da cidade.

P: E isso começa por onde?
R: Todas as grandes cidades que são sedes de regiões metropolitanas, como Rio, São Paulo, Belo Horizonte e Salvador, tiveram que elaborar um plano de desenvolvimento metropolitano, que deve partir do Estado em co-autoria os municípios. Aqui, por uma série de questões políticas, isso não foi feito. O que fizeram foi ampliar o número de municípios dessa região metropolitana. Esse espaço é o mais dinâmico da economia do Estado. Dados de décadas passadas mostram que essa região era responsável por cerca de 50% do PIB. Se incluirmos aí a região de Barcarena, esse percentual é ainda mais elevado. Ou seja, a região metropolitana não é decadente, mas está sendo destruída pela falta de planejamento. Os problemas políticos fizeram com que os governos não conseguissem projetar um futuro para Belém, como ela poderia capitanear o Estado e que outras atividades poderia desenvolver autonomamente, como o Turismo Histórico, Cultural e Gastronômico, por exemplo.

P: Qual o principal problema de Belém hoje?
R: Além dos problemas econômicos e sociais que há décadas estão presentes, nos últimos quatro, cinco anos, o problema mais presente e que afeta a todos na cidade é o transporte e a circulação pela cidade. Belém também não pensou num sistema de transporte de massa, rápido, eficiente, limpo e que atenda a toda a população. O Via Metrópole é um projeto atrasado, concebido para uma Belém de 20 anos atrás e que não leva em conta as taxas de crescimento da cidade nos últimos anos e a nova classe média criada pelo governo Lula e a população de menor renda, que é a maioria. O fato é que circular em Belém virou um inferno! Hoje se leva mais de uma hora para se chegar ao trabalho em determinados pontos da cidade. Entre os sistemas viários do Brasil, Belém é um dos mais precários e o diagnóstico do Belém Metrópole mostra isso. Hoje, até Teresina, no Piauí, tem um sistema de metrô de superfície.

P: Em quanto tempo essa situação poderia melhorar e esses sistemas poderiam ser implantados?
R: Primeiro precisamos de um plano de transporte bem feito. Segundo, correr atrás de recursos, já que isso não poderá ser feito com recursos da cidade ou do Estado, mas sim federais ou externos. Isso demandaria, em termos otimistas, mais uma década, se tudo correr bem e não ocorrerem problemas políticos-partidários, o que acredito não mais ocorra. Acho que amadurecemos e se mostrarmos a necessidade do projeto, ele virá. Temos é que ter a iniciativa de fazer.

P: Parece que Belém perdeu o contato com o mundo exterior e hoje não há voos importantes saindo daqui.
R: Esse é outro eixo fundamental. Em todos os outros momentos da história em que Belém foi grande e referência, era um ponto de integração da floresta com o resto do mundo, quer no período das drogas do sertão ou da borracha. Hoje não temos, saindo de Belém, nenhum voo para cidades importantes do mundo. Hoje em Fortaleza há pelo menos dois voos diários em direçãoManaus ocorre o mesmo. Isso não quer dizer apenas turismo, mas negócios, exportação e para isso o contato aéreo é fundamental. Essa deve ser uma preocupação do novo governo do Estado. O caminho mais fácil seria uma rota para a França, com integração por Paramaribo ou Caiena. Belém precisa se reintegrar e estar acessível ao mundo.

P: Belém é uma cidade encantadora e acolhedora, mas que ainda não possui uma urbanidade e uma ocupação ordenada. A que isso se deve?
R: Esse é outro grande eixo que está posto na agenda da cidade. Precisamos de intervenções urbanísticas nos bairros não centrais e de programas de habitação social. Pelo fato de Belém ter sido uma Cidade Real, tem todo um equipamento arquitetônico e urbanístico rico. Temos várias caras, uma delas é a do período do extrativismo das drogas do sertão, da época do Landi. Uma segunda etapa é o do extrativismo da borracha, e um terceiro período que vivemos agora, que é o extrativismo mineral, que não deixa nada nas cidades, a não ser os problemas. A maioria dos bairros de Belém foram planejados no período da borracha, na época do prefeito Antônio Lemos, e que durou até a década de 1960. Ele planejou uma cidade para o futuro a partir da realidade que ele vivia no início do século passado. Nessa época, quando Belém fazia 300 anos, era uma das melhores cidades brasileiras para se viver. Hoje, 100 anos depois, no início do século 21, é uma das piores metrópoles brasileiras do seu porte. Belém foi crescendo, recebendo a migração do interior do Estado e de outros estados, como o Maranhão, e houve um crescimento da pobreza.

P: E o nosso centro histórico, tão rico, mas tão abandonado?
R: O nosso centro histórico é rico, pois reúne história, arquitetura e arte de pelo menos dois períodos da histórica econômica. Houve intervenções no passado tentando melhorar essa área. Na década de 90, nos governos de Almir Gabriel e de Edmilson Rodrigues, que disputaram para saber quem daria a marca mais profunda na recuperação do centro histórico. Ocorre que as intervenções não foram bem sucedidas, pois sempre se trabalhou baseado no saudosismo, com a ideia de se voltar ao passado, trazendo a Belle Epóque... Ocorre que não se pode voltar ao passado. A cidade e a população mudaram e existem problemas como segurança pública que impedem isso. Chega de saudade! Temos que pensar o centro histórico, de preservá-lo e de requalificá-lo com qualidade. Se temos vocação para o comércio popular, temos que trabalhar com essa questão para dar qualidade a esse segmento, para que atue com civilização, criando uma nova estética. Temos que evitar que todas as linhas de ônibus confluam para a área do Ver-o-Peso, o que também prejudica essa recuperação. Outra: muitas atividades que ocorrem hoje no Ver-o-Peso, como o comércio de pescado a granel, na pedra, são incompatíveis com o centro comercial. Temos que criar fora da feira um centro de processamento e abastecimento para o pescado, evitando vários entraves na feira. Também precisamos incentivar a habitação no centro histórico, que dá vitalidade à área, com vida noturna e circulação. (Diário do Pará)