quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Foi uma honra

Nesta quarta, 29 de setembro, tive a grande honra de acompanhar o professor Aziz Ab Saber, um dos maiores sábios brasileiros, em um passeio pelo centro histórico de Belém.
Aziz está em Belém para o lançamento de suas obras completas na próxima sexta as 12 horas no Congresso Brasileiro de Geologia no Hangar.

domingo, 26 de setembro de 2010

Respondendo o comentário de Isabela Eluan

Como o comentário feito pela arquiteta Isabela Eluan, merece considerações, vou postá-las aqui na ribalta, como diria o Juca.

Isabela,
Os problemas do Centro Histórico de Belém não se resumem às desavenças entre PT e PSDB, a realidade é bem mais complexa, mais móvel, mais flúida. Veja, por exemplo, o atual prefeito de Belém, sem dúvida o maior inimigo que a cidade já teve, é uma criação do PSDB, mas que, quando teve sua reeleição ameaçada recebeu uma transfusão de asfalto do governo do PT e agora sobe no palanque da governadora.
O problema não são esses partidos, o que está superada é essa expressão da democracia chamada de democracia representativa. Essa democracia baseada na representação já poderia começar a ser substituída, pois existem condições tecnológicas para tal, por formas mais eficientes de democracia direta. Mas isto é uma outra conversa.
A questão é que nos últimos 20 anos, nenhum governo, quer estadual, quer municipal se importou em fazer um Plano Estratégico para o Centro Histórico de Belém com ações efetivas de reestruturanção.

Voltando ao seu comentário: entre uma intervenção troglodita como essa que sai quebrando tudo e um projeto de custos exorbitantes, existe sempre uma solução inteligente.
Veja o vídeo no YouTube em que mostro como são retiradas e recolocadas as pedras do calçamento de uma rua em Florença.


Quando critiquei a intervenção da Secult não fiz com interesse partidário porque, já demonstrei meu ceticismo em relação às atuais formas de representação política, mas em defesa da rua, da rua como espaço comum, democrático, coletivo, criativo, urbano, civil.
Ninguém individualmente, nem o Estado, tem o direito de atentar contra este espaço.
Vamos continuar conversando.

sábado, 25 de setembro de 2010

Vivo Art.Mov

Está rolando agora no Fórum Landi dentro da parceria Ufpa 2.0 e a Vivo.


Posted using BlogPress from my iPhone

China em Belém

Uma delegação da Província de Chandong da República Popular da China visitou a UFPA. Chandong é a terra natal de Confúcio, a delegaçao chefiada pela presidente do parlamento provincial sra. Shi Lijun propôs, em parceria com a UFPA, instalar uma sede do Instituto Confúcio no Pará.
O Instituto Confúcio promove a difusão da cultura chinesa e o ensino do Mandarim, a lingua oficial da China.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Quem gosta de Música Brasileira, por favor, veja !

O cantor, compositor e pianista José Miguel Wisnik e o compositor, violinista e escritor Arthur Nestrovski se uniram para um ciclo de aulas-show apresentando uma seleção de canções da música brasileira dos últimos 50 anos, compondo um minipanorama musical.
A cada encontro, Wisnik e Nestrovski abordam o assunto partindo de algumas canções-chave, interpretadas ao vivo e depois comentadas em contraponto com novos questionamentos.
Tendo como pano de fundo o debate sobre a "morte da canção", os dois artistas cantam e contam a música brasileira, além de situá-la no contexto artístico contemporâneo passando por temas que vão da formação do cancioneiro brasileiro ao artesanato de letra e música, das potências transformadoras da Bossa-Nova e do Tropicalismo ao novo estatuto da canção.
As aulas estão no sítio do Instituto Moreira Salles, mas basta clicar no link abaixo.
http://ims.uol.com.br/Radio/D390



Campanha contra o Álcool

Em 1919 uma campanha em favor da proibição do Alcool nos EUA mostrava a foto abaixo:
"LABIOS QUE TOCAM EM ÁLCOOL, NÃO VÃO TOCAR OS NOSSOS"
Olhe bem para elas e seja sincero? 
QUEM IRIA PARAR DE BEBER?

By Marcos Palácio
Diretamente da Beira Alta

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sacrilégio na Catedral de Belém

A Secult está cometendo um sacrilégio contra o patrimônio de Belém na complementação da reforma da Sé.
Para colocar um sistema de iluminação estão destruindo brutal e barbaramente as velhas pedras de Liós que secularmente revestem as ruas da Cidade Velha.
E não são só um ou dois buracos. São vários.
Se fosse uma obra da Prefeitura que não tem nenhum compromisso com a cidade ou de um particular ignorante ...
Mas da Secult, era de se esperar muito mais.
Lélia, pelo amor de Deus, dá um jeito nisso.
O Ministério Público deveria tomar alguma providência.

Já imaginaram,

Se o PMDB resolver cristianizar o Juvenil, descarregar no Jatene e matar a parada de prima?
Vai ser um deus-nos-acuda.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O sorriso do Lagarto 2

Nas ruas das cidades são quilômetros de risos e dentes.
Podem ser feias ou bonitas.
Velhos ou novos.
Cabelos pintados ou naturais.
Mas o riso é onipresente.

Pequeno encontro de Sábios

Sabado último no auditorio do Icj 90 alunos e professores da ufpa testemunharam um encontro histórico.
Benedito Nunes e Eduardo Lourenço se reencontraram depois de mais de 20 anos.
Para os brasileiros Benedito dispensa apresentação. Eduardo Lourenço é o mais renomado ensaísta português, vive em França há mais de 40 anos, onde sempre lecionou, depois que se foi de Portugal e depois de uma passagem mais ou menos rápida pela UFBA. Hoje em dia ele é o único intelectual que faz parte do Conselho da Presidência da Gulbenkian.
Falou-se de literatura, filosofia, Fernando Pessoa, José Saramago.
O encontro foi uma iniciativa da professora Camilla do Valle do ILA, autora da primeira tese sobre o pensamento de Lourenço. A PROINTER apoiou a iniciativa e o Projeto UFPA 2.0 pretende disponibilizar na rede o mais rápido possivel vidoes do encontro que foi registrado pela Amazon Filmes.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Abdon em tô de olho

Política via Wiki

Reproduzo materia da revista INFO de setembro 2010
www.info.abril.com.br

GOVERNOS E EMPRESAS PRECISAM COLABORAR PELA WEB
Don Tapscott
É canadense, autor dos livros Wikinomics e Grown Up Digital

No discurso pronunciado na abertura do Fórum Econômico Mundial, em Davos, o presidente francês Nicolas Sarkozy destacou a crise que levou o mundo à beira do apocalipse econômico. “Não é apenas uma crise financeira global”, disse ele. “É uma crise na globalização.” Sarkozy convocou os líderes mundiais para corrigir os desequilíbrios sistêmicos que levaram ao triunfo do mercado sobre a democracia e a justiça. “No futuro, haverá uma demanda muito maior para que a renda reflita melhor a utilidade social e o mérito”, continuou. Haverá uma demanda muito maior por justiça. Haverá maior demanda por proteção. “Ou mudamos de conformidade com isso, ou a mudança se imporá a nós pelas crises econômica, social e política.”
A exemplo de muitos chefes de estado, o presidente Sarkozy é bem intencionado, mas não mostra o caminho a seguir. Ele tende a ver as mesmas instituições que produziram a confusão atual como fonte de soluções e estabilidade no futuro.
Defende a mudança de valores, mas aceita sem questionar a maioria das velhas suposições sobre como funciona o mundo. Ele não considera, por exemplo, o fato de que os mercados podem ter triunfado exatamente porque nossos modelos de governo e democracia não funcionam. Ele não pede que se repense as formas de resolver os problemas globais. Apela somente para o clube da velha elite de tomadores de decisão. Sarkozy não parece reconhecer que os novos modelos de inovação social e criação de riqueza são incompatíveis com a visão obsoleta do papel do estado nacional na economia global. Ele propõe instrumentos tradicionais, como impostos e acordos legais, mas isso não basta. Muitas das situações urgentes que enfrentam neste século não serão solucionadas sem um modo mais dinâmico de organizar e explorar a criatividade dos cidadãos e dos negócios.
Sarkozy não está sozinho. A maioria dos líderes mundiais, em empresas e governos, alimenta as mesmas velhas idéias a respeito de como resolver os problemas do mundo. Com freqüência, eles parecem concentrados em remendar velhos modelos, em vez de passar para algo novo e viável. Mas ninguém pergunta se os modelos atuais de regulação estão realmente equipados para a tarefa. Poderia de fato uma rede de reguladores financeiros nacionais – todos operando com um contingente de empregados subpagos e superocupados – exercer algum controle sobre o sistema financeiro global, que opera na velocidade da luz e usa algumas das pessoas mais inteligentes e mais bem pagas do planeta? É hora de adotar novo modelo de regulação. Um modelo que use a web para divulgar as informações e dê a uma rede de especialistas internacionais- incluindo os já empregados hoje na área- a condição de apresentar sugestões, modelos de risco e análises, num sistema em formação de wiki.

domingo, 19 de setembro de 2010

Abdon, a história

Quando em 2002 o Almir Gabriel optou formalmente pela candidatura do Simão Jatene, vivemos na coordenação da campanha do Hildegardo Nunes um problema: nosso tempo de televisão seria muito curto, foi quando sugeri que poderíamos ter entre os candidatos nanicos algum que pudesse nos ajudar no combate aos demais concorrentes. Fui então incumbido de sondar os possíveis aliados. Os demais já eram submarinos dos outros e só nos restava o Abdon, fui conversar com ele em sua estância na Cidade Velha.
Ele topou, depois, em outra reunião me apresentou o seu staff: o Marqueteiro Caxambú, seu neto, técnico em informática, e responsável pelo aparato tecnologico da campanha e as Abdonetes.
Apresentei o resultado ao Haroldo Cardoso marqueteiro do Hildegardo. O jingle foi composto por nós na última mesa do Cosa Nostra. A voz (Aperte 3, aperte 6 e confirme) é do Zoroastro da equipe da Battes e a produção é da Muçuã do Caito Martins.
Vejam o primeiro vídeo da campanha.

Sorriso do lagarto 1

O mundo dos políticos deve ser lindo
Todo candidato sempre está rindo.

Crônica de uma tragédia anunciada

Reproduzo do Operamundi o artigo do Boaventura de Sousa Santos


Crônica de uma tragédia anunciada

A tragédia grega da Antiguidade clássica distinguiu-se por ser portadora de questões universais. As questões tinham já sido levantadas noutros lugares e por outras culturas mas tornaram-se universais ao servirem de base à cultura europeia. A atual tragédia grega não foge à regra. Identifiquemos as questões principais e as lições que delas retiramos.

Os castelos neofeudais: da Disneylândia à eurolandia

Tudo o que se tem passado nos últimos meses na Europa do Sul ocorreu antes em muitos países do Sul global mas enquanto ocorreu no “resto do mundo” foi visto como um mal necessário imposto globalmente para corrigir erros locais e promover o enriquecimento geral do mundo. A existência de critérios duplos para os mesmos erros – a dívida externa dos EUA ultrapassa o valor total da dívida dos países europeus, africanos e asiáticos; comparada com as fraudes cometidas por Wall Street a fraude grega é um truque mal feito por falta de prática – passaram despercebidos e o mesmo aconteceu com as estratégias e decisões por parte de atores muito poderosos com vista a obter um resultado bem identificado: o empobrecimento geral dos habitantes do planeta e o enriquecimento sem sentido de uns poucos senhores neo-feudais apostados em livrarem-se dos dois obstáculos que o século passado pôs no seu caminho desvairado: os movimentos sociais e o Estado democrático (a eliminação do terceiro obstáculo, o comunismo, fora-lhes oferecida pelos arautos do “fim da história”). A tragédia grega veio revelar tudo isso.
Está hoje relatada em detalhe (com nomes e apelidos, hora e endereço em Manhattan) uma reunião de diretores de fundos especulativos de alto risco (hedge funds) em que foi tomada a decisão de atacar o euro através do seu elo fraco, a Grécia. Alguns dias depois, em 26 de Fevereiro de 2010, o Wall Street Journal dava conta do ataque em preparação. Nessa reunião participaram, entre outros, o representante do banco Goldman Sachs, que tinha sido o facilitador do sobreendividamento da Grécia e do seu disfarce, e o representante do especulador de mais êxito e menos punido da história da humanidade, George Soros, que, em 1988, conduzira o ataque à Société Générale e, em 1992, planeara o afundamento da libra esterlina (tendo ganho num dia 1000 milhões de dólares). A ideia do mercado como um ser vivente que reage e atua racionalmente deixou de ser uma contradição para passar a ser um mito: o mercado financeiro é o castelo dos senhores neo-feudais.
O que os relatos raramente mencionam é que esses investidores institucionais, reunidos em Manhattan numa noite de Fevereiro, sentiram que estavam a cumprir uma missão patriótica: liquidar a pretensão de o euro vir a rivalizar com o dólar enquanto moeda internacional. Os EUA são hoje um país insustentável sem essa prerrogativa do dólar. Se os países emergentes, os países com recursos naturais e produtores de commodities – que o capital financeiro há muito identificou como o novo El Dorado – caíssem na tentação de colocar as suas reservas em euros (como antes tentara Saddam Hussein e pelo qual pagou um preço alto), o dólar correria o risco de deixar de ser a pilhagem institucionalizada das reservas do mundo e o privilégio extraordinário de imprimir notas de dólares de pouco valeria aos EUA. O golpe foi dado com peso e medida: aos EUA interessa um euro estável na condição de tal estabilidade ser tutelada pelo dólar. É isso o que está em curso e é essa a missão do FMI. Tal como aconteceu no passado, o poder financeiro é o último a ser perdido pela potência hegemônica no sistema mundial. Na longa transição, “os interesses convergentes” são sobretudo com os países emergentes (no caso, China, Índia, Brasil) e não com o rival mais direto (o capitalismo europeu). Tudo isto foi patente na Conferência da ONU sobre a Mudança Climática realizada em Dezembro passado em Copenhaga.

A falta que o comunismo faz

Os economistas latino-americanos Óscar Ugarteche e Alberto Acosta descrevem como, em 27 de fevereiro de 1953, foi acordada pelos credores a regularização da imensa dívida externa da então República Federal Alemã. Este país obteve uma redução de 50% a 75% da dívida derivada, direta ou indiretamente, das duas guerras mundiais; as taxas de juro foram drasticamente reduzidas para entre 0 e 5%; foi ampliado o prazo para os pagamentos; o cálculo do serviço da dívida foi definido em função da capacidade de pagamento da economia alemã e, portanto, vinculado ao processo de reconstrução do país. A definição de tal capacidade foi entregue ao banqueiro alemão Herman Abs que presidia à delegação alemã nas negociações. Foi criado um sistema de arbitragem ao qual nunca se recorreu dadas as vantajosas condições oferecidas ao devedor.
Este acordo teve muitas justificações mas a menos comentada foi a necessidade de, em pleno período da Guerra Fria, levar o êxito do capitalismo até bem perto da Cortina de Ferro. O mercado financeiro tinha então, tal como hoje, motivações políticas; só que as de então eram muito diferentes das de hoje e em boa parte a diferença explica-se pelo fato de a democracia liberal se ter tornado na bebida energética do capitalismo, que aparentemente o torna invencível (só não o defende de si próprio, como já profetizou Schumpeter). Angela Merkel nasceria um ano depois e só depois de 1989 viria a conhecer em primeira-mão o mundo do lado de cá da Cortina. Nasceu politicamente a beber essa bebida energética, o que, combinado com a militante ignorância da história que o capitalismo impõe aos políticos, transforma a sua falta de solidariedade para com o projeto europeu num ato de coragem política.
Sessenta anos depois da “Declaração de Interdependência” de Robert Schuman e Jean Monet, a guerra continua a “ser impensável e materialmente impossível”, mas, parafraseando Clausewitz, interrogamo-nos sobre se a guerra não está a voltar por outros meios.

Estado como imaginação

Tenho vindo a escrever que a regulação moderna ocidental assenta em três pilares: o princípio do mercado, o princípio do Estado e o princípio da comunidade[2]. Estes três princípios (sobretudo os dois primeiros) têm historicamente alternado no protagonismo em definir a lógica da regulação.
Tem sido convencionalmente entendido que a regulação social do período do pós-guerra até 1980 foi dominada pelo princípio do Estado e que de então para cá passou a dominar o princípio do mercado, o que se convencionou chamar neoliberalismo. Muitos viram na crise do subprime e da debacle financeira da 2008 o regresso do princípio do Estado e o consequente fim do neoliberalismo. Esta conclusão foi precipitada. Deveria ter funcionado como alerta a rapidez com que os mesmos atores que, durante a noite neoliberal, consideraram o Estado como o “ Grande Problema”, passaram a considerar o Estado como a “Grande Solução”. A verdade é que, nos últimos trinta anos, o princípio do mercado colonizou de tal maneira o princípio do Estado que este passou a funcionar como um ersatz do mercado. Por isso, o Estado que era problema era muito diferente do Estado que veio a ser a solução.
A diferença passou despercebida porque só o Estado sabe imaginar-se como Estado independentemente do que faz enquanto Estado. O sintoma mais evidente desta colonização foi a adopção da doutrina neoliberal por parte da esquerda europeia e mundial, o que a deixou desarmada e desprovida de alternativas quando a crise eclodiu. Daí, o triunfo da direita sobre as ruínas da devastação social que criara. Daí, que os governos socialistas da Grécia, Portugal e Espanha achem mais natural reduzir os salários e as pensões do que tributar as mais valias financeiras ou eliminar os paraísos fiscais. Daí, finalmente, que a União Europeia ofereça o maior resgate do capital financeiro da história moderna sem impor a estrita regulação do sistema financeiro.
Nos anos 20 do século passado, depois de uma longa estadia em Itália, José Mariátegui, grande inteletual e líder marxista peruano, considerava que a Europa daquele tempo se caracterizava pela aparição de duas violentas negações da democracia liberal: el comunismo y el fascismo (s/d [1929]: 113). Cada uma à sua maneira tentaria destruir a democracia liberal.
Passado um século, podemos dizer que, no nosso tempo, as duas negações da democracia liberal – que hoje chamaríamos socialismo e fascismo – não enfrentam a democracia a partir de fora; enfrentam-na a partir de dentro. As forças socialistas são hoje particularmente visíveis no continente latino-americano e afirmam-se como revoluções de novo tipo: a revolução bolivariana (Venezuela), a revolução cidadã (Equador), a revolução comunitária (Bolívia). Comum a todas elas é o fato de terem emergido de processos eleitorais próprios da democracia liberal. Em vez de negar a democracia liberal, enriquecem-na com outras formas de democracia: a democracia participativa e a democracia comunitária. Se considerarmos a democracia liberal um dispositivo político hegemônico, as lutas socialistas de hoje configuram um uso contra-hegemônico de um instrumento hegemônico.

Novos fascismos

Por sua vez, as forças fascistas atuam globalmente para mostrar que só é viável uma democracia de muito baixa intensidade (sem capacidade de redistribuição social), confinada à alternativa: ser irrelevante (não afetar os interesses dominantes) ou ser ingovernável. Em vez de promover o fascismo político, promovem o fascismo social. Não se trata do regresso ao fascismo do século passado. Não se trata de um regime político mas antes de um regime social. Em vez de sacrificar a democracia às exigências do capitalismo, promove uma versão empobrecida de democracia que torna desnecessário e mesmo inconveniente o sacrifício. Trata-se, pois, de um fascismo pluralista e, por isso, de uma forma de fascismo que nunca existiu.
O fascismo social é uma forma de sociabilidade em que as relações de poder são tão desiguais que a parte mais poderosa adquire um direito de veto sobre as condições de sustentabilidade da vida da parte mais fraca. Quem está sujeito ao fascismo social não vive verdadeiramente em sociedade civil; vive antes num novo estado de natureza, a sociedade civil in-civil.
Uma das formas de sociabilidade fascista é o fascismo financeiro, hoje em dia talvez o mais virulento. Comanda os mercados financeiros de valores e de moedas, a especulação financeira global, um conjunto hoje designado por economia de casino. Esta forma de fascismo social apresenta-se como a mais pluralista na medida em que os movimentos financeiros são aparentemente o produto de decisões de investidores individuais ou institucionais espalhados por todo o mundo e, aliás, sem nada em comum senão o desejo de rentabilizar os seus valores.
Por ser o fascismo mais pluralista, é também o mais agressivo porque o seu espaço-tempo é o mais refratário a qualquer intervenção democrática. Significativa, a este respeito, é a resposta do corretor da bolsa de valores quando lhe perguntavam o que era para ele o longo prazo: “longo prazo para mim são os próximos dez minutos”. Este espaço-tempo virtualmente instantâneo e global, combinado com a lógica de lucro especulativa que o sustenta, confere um imenso poder discricionário ao capital financeiro, praticamente incontrolável apesar de suficientemente poderoso para abalar, em segundos, a economia real ou a estabilidade política de qualquer país.

O poder da classificação

A virulência do fascismo financeiro reside em que ele, sendo de todos o mais internacional, está a servir de modelo a instituições de regulação global há muito importantes, mas que só agora começam a ser conhecidas do público. Entre elas, as empresas de rating (classificação de risco), as empresas internacionalmente acreditadas (mesmo depois do descrédito que sofreram durante a crise de 2008) para avaliar a situação financeira dos Estados e os consequentes riscos e oportunidades que eles oferecem aos investidores internacionais. As notas atribuídas são determinantes para as condições em que um país ou uma empresa de um país pode aceder ao crédito internacional. Quanto mais alta a nota, melhores as condições.
Estas empresas têm um poder extraordinário. Segundo o colunista do New York Times, Thomas Friedman, "o mundo do pós-guerra fria tem duas superpotências, os EUA e a agência Moody’s". Friedman justifica a sua afirmação acrescentando que "se é verdade que os EUA podem aniquilar um inimigo utilizando o seu arsenal militar, a agência de qualificação financeira Moody’s tem poder para estrangular financeiramente um país, atribuindo-lhe uma má nota".
Num momento em que os devedores públicos e privados entram numa batalha mundial para atrair capitais, uma má nota pode significar o colapso financeiro do país. Os critérios adotados pelas empresas de rating são em grande medida arbitrários, reforçam as desigualdades no sistema mundial e dão origem a efeitos perversos: o simples rumor de uma próxima desqualificação pode provocar enorme convulsão no mercado de valores de um país. O poder discricionário destas empresas é tanto maior quanto lhes assiste a prerrogativa de atribuírem qualificações não solicitadas pelos países ou devedores visados. O fato de ser também um poder corrupto – as agências são pagas pelos bancos que avaliam e atuam na especulação financeira, tendo, por isso, interesses próprios nas avaliações que fazem – não mereceu até agora qualquer atenção.
A virulência do fascismo financeiro reside no seu potencial de destruição, na sua capacidade para lançar no abismo da exclusão países inteiros. Quando o orçamento do Estado fica exposto à especulação financeira – como sucede agora nos países do sul da Europa – as regras de jogo democrático que ele reflete tornam-se irrelevantes, a estabilidade das expectativas que elas promovem desfaz-se no ar.

Tudo que é sólido se desfaz no ar

É bem conhecido o modo como o Manifesto Comunista de 1848 descreve a incessante revolução dos instrumentos de produção por parte da burguesia: “Tout ce qui avait solidité et permanence s'en va en fumée, tout ce qui était sacré est profané, et les hommes sont forcés enfin d'envisager leurs conditions d'existence et leurs rapports réciproques avec des yeux désabusés”. Quando a usurpação da política por parte de uma econopolícia selvagem atinge os lugares sagrados da democracia, dos direitos humanos, do contrato social e do primado do direito, que até há pouco serviam de santuário de peregrinação para os povos de todo o mundo, a perturbação e o desassossego são o que resta da solidez.
A grande incógnita é de saber até que ponto o empobrecimento do mundo e da democracia produzido pelo casino financeiro vai continuar a ocorrer dentro do marco democrático, mesmo de baixa intensidade. Podemos esquecer Mariátegui?

sábado, 18 de setembro de 2010

aBunda oRiso

Até uns 50 anos atras havia muito preconceito com o riso.
Diziam: o riso abunda na boca dos tolos.
Até uns 300 anos atras o preconceito era maior.
Diziam na Europa que os índios não tinham alma porque riam demais.
Jamais, um rei, um príncipe se deixariam retratar sorrindo.
Ou um presidente, um governador, um senador.
A Coisa Pública exigia de seu homens o tom grave.
Hoje, a ditadura dos marqueteiros obriga que todo candidato mostre os dentes.
Alguns, os mais cínicos, o fazem naturalmente.
Outros, ao forçar o riso ficam com aquela cara de parvos.
Mas de tolos não tem nada.

Democracia Socialista

DS veste os pés e pisa de mansinho, pra não fazer marola.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Até quando continuarão nos estragando a cidade ?

Os paralelepípedos que revestem o entorno do Teatro da Paz estão sendo destruídos.
Estes paralelepípedos chamados de macadame, feitos segundo as técnicas do escocês John Loudon McAdam, evitavam que o barulho das rodas das carruagens atrapalhassem os espetáculos que ocorriam no interior.
Vejam em que estado se encontram.
QUEM CONSEGUE ALERTAR O MINISTÉRIO PÚBLICO PARA COBRAR PROVIDÊNCIAS DA PREFEITURA.

Bolonheses visitam Landi

Os professores Mazzali e Lenzini da Academia de Belas Artes de Bolonha visitam a Casa Rosada e nos ajudam a interpretar a obra de seu conterrâneo Antônio Landi.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Prêmio Nobélico Seu Creisson

A governadora Ana Júlia, em campanha, lançou no Guamá a candidatura de Lula ao Prêmio Nobel. Imaginem como foi a repercussão no bairro.

Abaixo a Ditadura dos Marqueteiros

A ditadura dos marqueteiros esvaziou totalmente as campanhas eleitorais do debate politico, eles, o Photoshop e o sorriso falso dos candidatos, são os verdadeiros protagonistas das disputas.
Dizem que isso é herança das campanhas eleitorais dos EUA, de vagar com o andor, está certo, eles impuseram um padrão de beleza/charme aos candidatos, o sorriso obrigatório, etc. mas lá, o debate entre os candidatos se funda nas questões programáticas. Não são mera propaganda do melhor automóvel que nos conduzirá aos futuro.
Na velha Europa, "berço da civilização" como se dizia outrora, os marqueteiros políticos ainda não conseguiram impor totalmente a sua ditadura.
Assisti debates eleitorais de eleições em Portugal, Espanha e Itália, ali também, o que prevalece é o debate programático e não o emocionalismo.
Parece que apesar de nos auto-proclamarmos potência emergente, nas mentalidades ainda somos um bando de bárbaros, babacas, estereótipo do povo emotivo que não se interessa por questões mais complexas.

domingo, 12 de setembro de 2010

Valei-me São Sebastião !

Visitei a Catedral de Belém com os professores da Academia de Belas Artes de Bolonha, aquela mesma onde o Landi foi professor, na foto com a Professora Ida Hamoy, em frente ao São Sebastião do De Angelis. Disseram-nos os italianos que no passado havia uma recomendação canônica aos pintores, que moderassem os detalhes realistas nas representações do corpo desnudo do santo para evitar ocasiões de pecado.
O click é do Geraldo Ramos.

sábado, 11 de setembro de 2010

A gente não precisa só de Photoshop

Para a geração de candidatos Photoshop, tomem Arnaldo Antunes: A coisa mais moderna que existe neste mundo é envelhecer.

Subindo o morro em Pequim

Quando estava em Beijim, pedi para uma brasileira que estuda lá, que me levasse para um circuito, não turístico, que incluisse algo como as nossa favelas. Ela me levou.
A "favela" fica atrás destas baiucas que vendem produtos populares.
As casas sao de tijolo maciço:


As ruas, onde os velhos jogam cartas ao ar livre, são revestidas.


Tem fornecimento regular de energia elétrica, mas são sujas.

Esclarecimento

Chegado a Belém, depois de uma longa viagem à China, soube que o comentário: “Como tem prosperado a burrice entre os professores universitários. Estou cercado de professores com muitos títulos e pouco saber”, que fiz no Twitter e no Facebook, repercutiu na imprensa local criando constrangimentos. Primeiro é preciso explicar o contexto do desabafo. Eu estava em viagem pela China com um grupo de professores de diversas universidades brasileiras, a maioria privadas. Exasperava-me como certos colegas interpretavam a realidade chinesa.
Isso me fez refletir sobre o que aconteceu com a profissão docente nas últimas décadas. O golpe de 1964 baniu das universidade o pensamento crítico ao regime. O posterior rebaixamento dos salários retirou-nos o orgulho, a autonomia e a autoestima.
O ambiente altamente competitivo "publish or perish", presente em nossas universidades, melhorou muito o conhecimento especializado dos docentes, mas falta-nos tempo para outras atividades mais livres e criativas que complementem nossa formação humana e intelectual.  Pois, como nos ensinam velhas-sempre-novas lições, para encontrar uma agulha de luz no palheiro do real, não basta Filosofia, é preciso Sabedoria; e para criar-inventar novos futuros, não basta Ciência, é preciso Sapiência.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

UFPA recebe professores da Academia de Belas Artes de Bolonha

Dois professores da Academia de Belas Artes de Bolonha, na Itália, estarão na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, esta semana, para ministrar palestras, conferências e ateliês voltados à comunidade acadêmica. Os italianos Mauro Mazzali e Pietro Lenzini têm, ainda, a missão de levantar detalhes de obras que identificam a cultura paraense para a exposição que integrará o evento de inauguração da Casa Rosada, obra do arquiteto italiano Antonio Landi, a qual está sendo revitalizada pela empresa ALUBAR, em parceria com o Fórum Landi, da UFPA.
Nesta quinta-feira, 9, a partir das 9 horas, no Auditório Setorial Profissional, no campus da UFPA, no Guamá, os professores vão proferir palestras autobiográficas. Já no dia 10, no mesmo local e horário, Mazzali presidirá conferências sobre os temas: Os materiais pobres na cultura artística em Bolonha nos 700: o estuque, a terracota, o papel machê e a ceroplástica e A utilização dos materiais pobres para as "fábricas" públicas e os palácios da nobreza.
Paralelamente à conferência de Mazzali, também no dia 10, no Auditório Setorial Profissional, o professor Pietro Lenzini falará aos interessados sobre os temas: Os tratados de Ferdinando Bibiena e a contribuição teórica para a renovação da cena do século XVII e A sala teatral setecentista e a cena "por ângulo".
Após o período de conferências, os professores passarão pelos distritos de Mosqueiro e Icoaraci, além de visitarem cartões postais do centro de Belém, como o Ver-o-Peso.
Nos dias 13 e 14 de setembro, será a vez de Mazzali ministrar ateliê para alunos de Arquitetura e Educação Artística no auditório do Instituto de Ciências da Arte (ICA), e dos alunos da Escola de Teatro e Dança da UFPA participarem de um outro ateliê com Lenzini, na própria ETDUFPA.
Casa Rosada – É um sobrado na rua Siqueira Mendes, no bairro da Cidade Velha, em Belém, com mais de 250 anos de história. Antigos mapas da capital paraense indicam que o imóvel já estava construído em meados do século XVIII. Teria pertencido ao capitão-engenheiro Mateus José Simões de Carvalho, que, segundo Baena, no Compêndio das Eras, participou, em 1795, de uma junta extraordinária de defesa do Grão-Pará contra uma possível invasão francesa.
A secular edificação também serviu como residência para várias famílias e como depósito à fábrica de Bitar, do outro lado da rua. Fechada há alguns anos, entrou em franco processo de deterioração. No entanto, a parceria entre a UFPA e a empresa ALUBAR vem revitalizando o espaço, que será transformado em Centro Cultural para Preservação da Memória da Cidade Velha.

Texto: Ana Danin - Assessoria de Comunicação da UFPA

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Fora do padrão

Parabéns à Simone Neno Tourinho e equipe pelo belíssimo estande da Editora da UFPA. Homenageou Bruno de Menezes e fugiu da mesmice burocrática dos demais.

Feira do Ver-o-Peso do Livro

Depois de me divertir com esses desvãos simbólicos, pensei, agora vou dar uma olhada nos livros.
Puro e ledo engano, o som ambiente era tal, que nem mestre iogue de altissima iniciação conseguia se concentrar.
Encontrei um professor que, como eu, estava lá para ver livros, revoltado me disse que tinha acabado de chegar e que já ia embora.
Cada coisa em seu lugar, uma feira, sem autofalante no poste, camelô apregoando e barulho por toda parte, não é uma feira. Mas levar isso para dentro de uma feira de livros é confundir alhos com bugalhos.

Deu Girafa

Pior ainda, a SECULT veio de girafa.

Oftalmologista

Sinceramente, acho que os marqueteiros que fizeram alguns dos estandes da Feira do Livro estão precisando de um acompanhamento intelectual.
Associar Africa com zebra, rinoceronte, elefante, em uma feira que se propõe divulgar a produção literária dos países lusófonos deste continente, é cegueira.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Democracia em crise

Tiririca, Wlad e outros bichos são a crise da "velha" democracia representativa. Eles representam apenas, a inútil "democracia espetáculo".
Confira no vídeo da campanha do Tiririca.