domingo, 15 de agosto de 2010

Procura-se um Tio Patinhas para o Professor Pardal

Transcrevo o texto do site da Revista HSM Management 
http://hsm.updateordie.com/expomanagement-2007/2010/08/melhor-da-expo-procura-se-um-tio-patinhas-para-o-professor-pardal/
Esse texto é da jornalista Lizandra Almeida: 

Quando se fala em invenção, a imagem que nos vem à cabeça muitas vezes é a do “cientista louco”, aquela pessoa alienada, com ideias que só ela entende, que passa o tempo todo criando longe do convívio social. Essa imagem nunca é associada a alguém com muito dinheiro. O famoso personagem das histórias em quadrinhos Tio Patinhas, por exemplo, financia as pesquisas do Professor Pardal e dali aufere lucros, mas poucos se lembram disso, e o cientista em si está sempre às voltas com suas invenções, longe do mundo material.
Foi essa a premissa da apresentação do coordenador de marketing do Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec), Eduardo Giacomazzi, no ciclo paralelo de palestras da ExpoManagement 2007, que traçou um paralelo entre a invenção tecnológica e científica, a inovação e a criação de riqueza. “Algumas empresas estão começando a dar-se conta de que a inovação é fundamental e hoje o Brasil vive um momento de repensar esses conceitos. Só o iPhone, novo telefone da Apple, teve mais patentes registradas do que o Brasil inteiro no ano de 2006”, afirmou o especialista. A hora, portanto, é de aproximar o Professor Pardal do Tio Patinhas. E o caminho, de acordo com Giacomazzi, passa pela incubadora de negócios. Existem hoje cerca de 350 incubadoras no País. São parques tecnológicos que propiciam a criação desse tipo de ambiente e atraem investidores para que se relacionem com a ciência. “No Brasil, produz-se muita ciência e pouca tecnologia”, disse ele, completando que, basta existir um laboratório para que vão surgindo pesquisadores aqui e acolá. Três gargalos devem ser enfrentados, contudo, para facilitar esse processo:
  1. O baixo domínio do inglês pelos brasileiros é um fator que nos coloca em posição de desvantagem em relação à Índia e à China. “A Índia fatura mais com a exportação de outsourcing do que o aço e a soja brasileiros juntos.”
  2. É preciso acabar com o preconceito que rotula o pesquisador de “cientista maluco”. As inovações e invenções, portanto, devem suprir necessidades. “Nossa visão de invenção é sempre de alguma coisa maluca, que não tem serventia de verdade. Se não for usada, uma inovação simplesmente não existe.”
  3. A aproximação entre universidades e empresas é fundamental. “Hoje a grande maioria das empresas não se relaciona com as universidades. Há muita oportunidade boa para explorar. Campinas é um pólo de biotecnologia, por exemplo; São Carlos é um centro de excelência em fotônica”, observou Giacomezzi. Para tanto, incubadoras como o Cietec, que tem a Universidade de São Paulo (USP) entre seus membros formadores, são fundamentais: o Cietec já formou várias empresas para trabalhar com o que chamamos de ‘tecnologias portadoras de futuro’, como biotecnologia e telemedicina.
E o trabalho do Cietec rende bons frutos: enquanto, no Brasil, 70% das novas empresas morrem em cinco anos, as que saem do Cietec têm um índice de mortalidade de 30% no mesmo período.
O MODELO CIETEC
Entidade privada sem fins lucrativos, a incubadora de empresas Cietec foi criada em abril de 1998, em São Paulo, a partir de um convênio entre a USP, a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico (SCTDE-SP), o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP), a Comissão Nacional de Energia Nuclea por meio do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado São Paulo (IPT), entidades que compõem o Conselho Deliberativo do Cietec. Depois, o MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia) também passou a fazer parte do Conselho.
Atualmente [no final de 2007], o Cietec desenvolve 128 projetos, o que o torna a maior incubadora da América Latina e a segunda do mundo, perdendo apenas para uma incubadora chinesa que tem 250 projetos em andamento. Suas principais áreas de atuação são tecnologia da informação, medicina e saúde, biotecnologia, meio ambiente e eletroeletrônicos. “O Cietec surgiu para ser a incubadora da cidade, para andar ao lado dos departamentos de pesquisa e desenvolvimento das empresas,” diz Giacomazzi.
Em sua opinião, esse tipo de iniciativa está dando frutos inegáveis – um exemplo é a baixa taxa de mortalidade das empresas. Apesar disso, ainda é preciso haver um projeto de país para a área de ciência e tecnologia.
Em outras palavras, o Brasil deveria agir mais como a Índia, segundo ele. “Na Índia, está sendo desenvolvido um projeto que considera cada indiano como um inovador. Foi criada uma rede chamada Honey Bee que envia estudantes para cadastrar ideias em todo o país. Com isso, hoje a Índia responde por cerca de 10% dos registros internacionais de patentes. Inovar é humano, é muito mais simples do que parece.”
http://hsm.updateordie.com/expomanagement-2007/2010/08/melhor-da-expo-procura-se-um-tio-patinhas-para-o-professor-pardal/

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