sábado, 28 de agosto de 2010

A pobreza cultural de Belém

Recebi no meu email de um amigo de Salvador, não sei quem é o autor, nem concordo com tudo que ele diz, mas experimente, troque Salvador por Belém e verá que cabe como uma luva.


A pobreza cultural de Salvador
por Gil Vicente Tavares

Há um equívoco grave em relação ao que se pensa sobre a cultura, em Salvador. 
Por conta desse pensamento comiserado de incensar os oprimidos – doença nefasta que é um dos grandes equívocos reforçados pela era Lula – a exaltação da cultura própria, endógena, popular, chegou a uma hiperbólica cegueira sobre a pobreza cultural que nos assola. 
Todos os países intelectualmente espertos souberam dialogar com outras culturas, outros povos, outros modos de produção, criação e identidade, para se reinventarem. Há, ao redor do mundo,  programas de intercâmbio, de residência e de estudos de outras culturas que fazem com que, dessa mistura, possam florescer novas formas de pensar, de agir e de criar.
Aqui, em Salvador, há esse pensamento equivocado de que somos uma cultura forte e rica. Mentira. Somos uma cultura fraca e pobre, justamente porque nos fechamos em nossa própria cultura, folclorizando e exaltando ela como algo maravilhoso, especial, diferente de tudo.
Por trás dessa baianidade, se esconde a opressão de nos caracterizarmos como pessoas que falam alto, cospem no chão, mijam na rua, são felizes em sua miséria, não estudam, não crescem. Há uma opressão em relação ao negro soteropolitano, pois legitimar a imagem do negro falastrão, esculhambado, folgado, malandro, ignorante e cheio de ginga é a pior forma de se lutar contra o preconceito e a segregação. Devíamos, sim, lutar para termos mais “miltons santos”, e não legitimar o que nos empobrece, indignifica e nos folcloriza.
Azelites baianas são as mais estúpidas que eu conheço. Poderíamos pensar que esse baiano raso, de cultura pobre, estaria nas camadas baixas, mas basta ver as atrações da “chopada de medicina” pra percebermos que nazelites o problema é bem pior. Onde se poderia ter um acesso diferenciado à educação privilegiada, livros, concertos, exposições, a coisa fica mais feia ainda, pois, ao menos, as pessoas menos favorecidas, financeiramente, de Salvador, trazem em si a pobreza cultural própria, autêntica e legítima.
Sinto muito, mas é pobre, sim. Uma população precisa ter acesso a todos os meios culturais para enriquecer sua cultura. Dizer que sambar, comer acarajé, ir pro candomblé e jogar capoeira é ter uma riqueza cultural é balela. É pouco. Como é pouco alguém que passa o dia ouvindo Mozart e nunca viu o Ilê Ayê subir o Curuzu.
É natural que, num povo onde se exalta a mediocridade de se bastar com sua cultura endógena, a cultura seja rasa e as possibilidades exíguas. Com isso, não tem teatro, música, dança nem literatura que se sustente. E, o pior, começa-se a pensar que o “especial” povo de Salvador tem suas particularidades, num egocentrismo pateta que serve de desculpa à falta de educação e cultura de nossa população.
Enquanto os governos, as instâncias privadas e públicas responsáveis por diretrizes culturais, enquanto os pseudo-intelectuais que se valem de modismos pra serem publicados e incensados, enquanto esse pessoal todo continuar legitimando nossa pobreza cultural, não haverá como melhorar nossa miséria. Não poderemos pensar em uma economia da cultura, em um mercado de trabalho digno pro artista, onde ele não precise de emprego paralelo, nem tampouco depender 100% do estado, pra poder sobreviver e fazer sua arte.
Salvador tem um potencial imenso, pelos pensadores e artistas que tem, pelos recursos, pela inventividade, pra se tornar uma cidade do século XX. Desde a década de 50 que tentamos. Mas a persistência no amadorismo, no folclorismo e no medo de crescer que acomete as províncias, em geral, faz com que o século XXI seja um futuro inalcançável, por enquanto. Tornemo-nos modernos, por enquanto. Já é um começo.
Vamos parar de achar que Salvador é linda, que seu povo é lindo, que sua cultura é linda. Um bom começo é ensinar as pessoas a ver a poesia das coisas. Estamos petrificados frente à poesia do mundo.
E pra que se aguce a possibilidade de ler a poesia das coisas é preciso educação e cultura. Outra cultura. A cultura que não querem dar ao povo; seja porque acham lindo o povo ser do jeito que é, seja porque é mais difícil fazer uma revolução cultural sólida, ou seja, principalmente, porque um povo culto vai perceber melhor a merda em que está vivendo e os merdas que estão no comando.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

domingo, 22 de agosto de 2010

Os juízes e promotores brasileiros estão entre os mais bem remunerados do mundo

Peluso quer autonomia salarial
ELIO GASPARI
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po2208201012.htm

O PRESIDENTE DO Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, e o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, encaminharam ao Congresso projetos de lei que lhes transferem a tarefa de fixar os vencimentos dos servidores sob suas jurisdições. Atualmente, os reajustes salariais do Supremo e do Ministério Público dependem de aprovação pelo Congresso, como ocorre com o Orçamento da União.
A reivindicação desafia as instituições republicanas, os fundamentos da política econômica do Executivo, a lógica da contabilidade pública e os padrões internacionais. Desafia as instituições republicanas porque coloca o Supremo Tribunal e o Ministério Público ao largo do consentimento do Congresso Nacional em matéria salarial. Atribui-lhes mecanismos típicos das empresas privadas. Criam uma República Salarial Soberana e Automatizada.
Desafia a boa norma da economia porque chama de volta o tigre da indexação, que arruinou a economia do país por quase 30 anos.
Se a partir de 2012 fica assegurada a revisão anual soberana e, a partir de 2015, o Supremo e o Ministério Público federal puderem corrigir seus vencimentos com base nos critérios que os projetos mencionam, a festa deveria ser geral: "recuperação" de "poder aquisitivo" e "comparação" com vencimentos alheios, direto na folha.
Nesse mundo de alegrias, Peluso deveria ser premiado, acumulando sua cadeira no Supremo com a presidência do Banco Central e Roberto Gurgel ficaria com a Secretaria da Receita Federal.
A proposta ofende a lógica da contabilidade pública porque os salários dos ministros do Supremo servem de referência para os vencimentos dos servidores do Judiciário. Quando eles sobem, os demais vão junto.
O Supremo argumenta que os vencimentos da Justiça estão defasados e isso provoca uma inconveniente rotatividade no seu quadro de pessoal. (Esses vencimentos estão acima de outras carreiras do Estado, numa média R$ 13.290 mensais.) Se salários bastassem para fixar servidores, o STF não teria taxa de evasão. Desde 1986 o tribunal recebeu 20 novos ministros. Três foram-se embora muito antes de completar os 70 anos da aposentadoria compulsória (Celio Borja, Nelson Jobim e Francisco Rezek, que entrou, saiu, voltou a entrar e voltou a sair.) A ministra Ellen Gracie tentou trocar de corte em duas ocasiões e parece planejar uma terceira migração para a Europa.
Se há advogados ganhando, numa só causa, o equivalente à renda anual de um juiz ou ministro do Supremo, isso se deve a uma escolha que fizeram há tempo, ralando nas incertezas da atividade privada.
Juízes, promotores e ministros de cortes superiores ganham bem para os padrões de quem decidiu buscar a segurança do serviço público brasileiro, com suas aposentadorias integrais, inclusive para corruptos defenestrados. Há pouco, o STJ mandou embora o magistrado Paulo Medina, mas continuou obrigado, pela lei, a pagar seu cheque de R$ 25 mil mensais.
Os juízes e promotores brasileiros estão entre os mais bem remunerados do mundo. Nos Estados Unidos um juiz da Corte Suprema ganha 5,6 vezes mais que a média dos trabalhadores. No Brasil, um ministro do STF ganha 19,8 vezes mais.
Atualmente os ministros brasileiros recebem R$ 26.723 mensais e pedem um aumento para R$ 30.675. Reajustados, receberão o dobro do que é pago aos seus similares alemães. Na Europa, só o Reino Unido, a Irlanda e a Suíça pagam melhor aos seus altos magistrados.
Os juízes da corte americana custam US$ 214 mil anuais. No Brasil os ministros do STF recebem o equivalente a US$ 193 mil anuais, e receberão US$ 221 mil quando tiverem o aumento. A Viúva lhes dá casa, carro e motorista. Nos Estados Unidos só o presidente tem carro e o uso de servidores para pequenas tarefas extrajudiciais foi cortada pela Corte Rehnquist. (A mordomia fora coisa de seu antecessor, Warren Burger, um pavão que colocava almofada sobre o assento da cadeira para parecer maior na mesa de almoço.)

ISSO SÓ CONFIRMA O POST AÍ EM BAIXO

A República Bela e a República horrorosa

Para representar a República, a França pós-revolucionária escolheu a efígie de uma bela mulher, que simbolizaria as virtudes do novo regime. Ela passou a ser chamada com intimamente pelos franceses de Marianne (Mariana). Assim como os paraense chamam Nossa Senhora de Nazaré de Naza ou Nazica.

Delacroix, no quadro Liberdade conduzindo o Povo, representou uma Marianne com os extraordinários atributos da beleza clássica.


Nestes tempos eleitorais, fico pensando como seria a representação da República no Brasil e encontro no quadro do Lucien Freud "Supervisora da Previdência dormindo"uma boa representação.


Atenção, não pensem que me refiro aos tempos atuais, penso que a república no Brasil é uma mulher flácida de gordura mórbida, porque aqui, de fato, os ideais republicanos nunca floresceram.

O POST ACIMA SOBRE O AUMENTO DOS SALÁRIOS DO SUPREMO, É UM EXEMPLO CANDENTE DISSO.

sábado, 21 de agosto de 2010

Justo Veríssimo

Alô marqueteiros do Juvenil, com este bigode ele está o próprio Justo Veríssimo.

Lá e cá

Um velho militante, na Praça do Povo em Beijim, exibindo suas medalhas, posa em frente ao túmulo de Mao.

Sinceramente, tirando a faixa, as medalhas e as circunstâncias, quantos com essa cara vocês vêem dia do Círio?
É que os cabocos de lá, se parecem muito com os cabocos de cá.

Visitando o Alencar

O Alencar que se operou Terça Feira, já está em forma e vai recomeçar suas portagens a partir de seu iPhone.


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terça-feira, 17 de agosto de 2010

UFPA revoga habilitação de alunos que fraudaram documentação

Seis alunos que ingressaram na Universidade Federal do Pará (UFPA), no Processo Seletivo 2010, fraudando documentos para serem beneficiados pelo sistema de cotas para estudantes oriundos de escolas públicas tiveram a habilitação revogada, este mês, pela Universidade, após seis meses de investigação e comprovação das irregularidades.
Os estudantes, cinco do curso de Medicina e um do curso de Engenharia Civil, não chegaram a assistir às aulas, uma vez que as turmas dos cursos para os quais eles foram aprovados só iniciariam neste segundo semestre.
O edital de convocação dos seis novos alunos habilitados a ocuparem as vagas deixadas pelos que foram desligados da UFPA deve ser publicado ainda nesta semana pela Instituição de Ensino.
O reitor da UFPA, Carlos Maneschy, afirma que a Universidade montou uma Comissão de Processo Administrativo Anulatório, permitindo amplo direito de defesa aos estudantes investigados. Ele ressalta a importância de que os mal intencionados saibam que a Instituição está atenta para garantir que só ingressem na UFPA alunos que tenham conquistado a vaga por direito. O reitor afirma, ainda, que a Universidade “não vai tolerar situações como essa”.
Entre os alunos que tiveram a habilitação cancelada, um caso chama a atenção: o de um estudante que fraudou o certificado de conclusão da Escola Estadual Justo Chermont, sem nunca ter sido aluno dela. “Nós já encaminhamos este caso ao Ministério Público Federal para as providências cabíveis”, destaca o reitor.
No total, 20 alunos que ingressaram na UFPA pelo sistema de cotas para estudantes de escolas públicas foram investigados, mas as irregularidades ficaram comprovadas apenas contra os seis que perderam as vagas este mês.

Um documentarista se dirige a cientistas


RESUMO Neste ensaio, derivado de uma participação do documentarista João Moreira Salles em simpósio da Academia Brasileira de Ciências, discute-se a hipervalorização das artes e humanidades em detrimento das ciências "duras" e da engenharia, e as consequências do processo para o desenvolvimento tecnológico, científico e cultural do país.

JOÃO MOREIRA SALLES

Agradeço ao professor Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de Ciências, o convite que me fez para falar a uma platéia de colegas seus, na crença de que eu pudesse servir de porta-voz das humanidades num encontro de cientistas. Peço desculpas por desapontá-lo.
Sou ligado ao cinema documental e, mais recentemente, ao jornalismo, atividades que, se não são propriamente artísticas, decerto existem na fronteira da criação. Jornalismo não é literatura nem documentário é cinema de ficção. Nosso capital simbólico é muito menor e nosso horizonte de possibilidades é limitado pelos constrangimentos do mundo concreto.
Não podemos voar tanto, e essa é a primeira razão pela qual, com notáveis exceções, o que produzimos é efêmero, sem grande chance de permanência. Não obstante, é fato que minhas afinidades pessoais e profissionais estão muito mais próximas de um livro ou de um filme do que de uma equação diferencial -o que não me impede de achar que há um limite para a quantidade de escritores, cineastas e bacharéis em letras que um país é capaz de sustentar.
Isso deve valer também para sociólogos, cientistas políticos e economistas, mas deixo a suspeita por conta deles. Na minha área, creio que já ultrapassamos o teto há muito tempo, e me pergunto de quem é a responsabilidade. Em 1959, o físico e escritor inglês C.P. Snow deu uma famosa palestra na Universidade de Cambridge sobre a relação entre as ciências e as humanidades. 
Snow observou que a vida intelectual do Ocidente havia se partido ao meio.
De um lado, o mundo dos cientistas; do outro, a comunidade dos homens de letras, representada por indivíduos comumente chamados de intelectuais, termo que, segundo Snow, fora seqüestrado pelas humanidades e pelas ciências sociais. As características de cada grupo seriam bem peculiares. Enquanto artistas tenderiam ao pessimismo, cientistas seriam otimistas.
Aos artistas, interessaria refletir sobre a precariedade da condição humana e sobre o drama do indivíduo no mundo. O interesse dos cientistas, por sua vez, seria decifrar os segredos do mundo natural e, se possível, fazer as coisas funcionarem. Como frequentemente obtinham sucesso, não viam nenhum despropósito na noção de progresso.
Estava estabelecida a ruptura: de um lado, o desconforto existencial, agravado pela perspectiva da aniquilação nuclear; do outro, a penicilina, o motor a combustão e o raio-X. Na qualidade de cientista e homem de letras, Snow se movia pelos dois mundos, cumprindo um trajeto que se tornava cada vez mais penoso e solitário.
"Eu sentia que transitava entre dois grupos que já não se comunicavam", escreveu. Certa vez, um amigo seu, cidadão emérito das humanidades, foi convidado para um daqueles jantares solenes que as universidades inglesas cultivam com tanto gosto. Sentando-se a uma mesa no Trinity College -onde Newton viveu e onde descobriu as leis da mecânica clássica- e feitas as apresentações formais, o amigo se virou para a direita e tentou entabular conversa com o senhor ao lado.
Recebeu um grunhido como resposta. Sem deixar a peteca cair, virou-se para o lado oposto e repetiu a tentativa com o professor à sua esquerda. Foi acolhido com novos e eloquentes grunhidos.
Acostumado ao breviário mínimo da cortesia -segundo o qual não se ignora solenemente um vizinho de mesa-, o amigo de Snow se desconcertou, sendo então socorrido pelo decano da faculdade, que esclareceu: "Ah, aqueles são os matemáticos.
Nós nunca conversamos com eles". 
Snow concluiu que a falta de diálogo fazia mais do que partir o mundo em dois. A especialização criava novos subgrupos, gerando células cada vez menores que preferiam conversar apenas entre si.
SÍNTESE E ORDEM Não sei se alguém já voltou a conversar com os matemáticos. Torço para que sim, apesar das evidências em contrário. Seria um desperdício, pois a matemática, para além dos seus usos, é guiada por um componente estético, por um conceito de beleza e de elegância que a maioria das pessoas desconhece.
O que move os grandes matemáticos e os grandes artistas, desconfio, é um sentimento muito semelhante de síntese e ordem. 
Os dois grupos teriam muito a dizer um ao outro, mas, até onde sei, quase não se falam. (No passado, o poeta Paul Valéry deu conferências para matemáticos e o matemático Henri Poincaré falou para poetas.)
Segundo Snow, com a notável exceção da música, não há muito espaço para as artes na cultura científica: "Discos. Algumas fotografias coloridas. O ouvido, às vezes o olho. Poucos livros, quase nenhuma poesia." Talvez seja exagero, não saberia dizer. Posso falar com mais propriedade sobre a outra parcela do mundo, e concordo quando ele diz que, de maneira geral, as humanidades se atêm a um conceito estreito de cultura, que não inclui a ciência. 
Os artistas e boa parte dos cientistas sociais são quase sempre cegos a uma extensa gama do conhecimento. Numa passagem famosa de sua palestra, Snow conta o seguinte: "Já me aconteceu muitas vezes de estar com pessoas que, pelos padrões da cultura tradicional, são consideradas altamente instruídas.
Essas pessoas muitas vezes têm prazer em expressar seu espanto diante da ignorância dos cientistas. De vez em quando, resolvo provocar e pergunto se alguma delas saberia dizer qual é a segunda lei da termodinâmica. A resposta é sempre fria -e sempre negativa. No entanto, essa pergunta é basicamente o equivalente científico de 'Você já leu Shakespeare?'.
Hoje, acho que se eu propusesse uma questão ainda mais simples -por exemplo: 
'Defina o que você quer dizer quando fala em 'massa' ou 'aceleração'', o equivalente científico de 'Você é alfabetizado?'-, talvez apenas uma em cada dez pessoas altamente instruídas acharia que estávamos falando a mesma língua".
RESPONSABILIDADE Vivendo quase exclusivamente no hemisfério das humanidades, recebo poucas notícias do lado de lá. O que eu teria a dizer sobre ciência fica perto do zero. Por outro lado, como especialista na minha própria ignorância, posso discorrer sobre ela sem embaraços. Com as devidas ressalvas às exceções que devem existir por aí, estendo minha ignorância a todo um grupo de pessoas e me pergunto de quem seria a responsabilidade por sabermos tão pouco sobre as leis que regem o que nos cerca.
As respostas são previsíveis
. Em parte, a responsabilidade é dos próprios cientistas, que não fazem questão de se comunicar com a comunidade não-científica; em parte é dos governos, que raramente têm uma política eficaz de promoção da ciência nas escolas; e em parte -e essa é a parte que mais me interessa- é nossa, das humanidades, que tomamos as ciências como um objeto estranho, alheio a tudo o que nos diz respeito. A quase totalidade dos personagens de classe média da literatura e do cinema brasileiro contemporâneos pertence ao mundo dos artistas e intelectuais.
São jornalistas, escritores (geralmente em crise e com bloqueio), professores (quase sempre de história, filosofia ou letras), antropólogos, viajantes (à deriva), cineastas, atores, gente de TV ou filósofos de botequim. Quando muito, um empresário aqui, um advogado acolá. Para encontrar um engenheiro ou médico, é preciso voltar quase a Machado de Assis. Cientistas são pouquíssimos, se bem que no momento não me lembro de nenhum. (Os filmes de Jorge Duran são uma exceção, mas ele nasceu no Chile.)
É como se, do lado de fora das disciplinas criativas, não houvesse redenção. Em "Cidade de Deus", o menino escapa do ciclo de violência quando recebe uma máquina fotográfica e vira fotógrafo. Não parece ocorrer a ninguém -nem aos personagens, nem ao público- a possibilidade de ele virar biólogo, meteorologista ou mesmo técnico em ciência.
"Cidade de Deus" é uma narrativa realista, e portanto tende a preferir o provável ao possível. Mas não é só isso. Nenhuma daquelas profissões soaria suficientemente cool ao público -seria um anticlímax. Em nome da eficácia narrativa, bem melhor ele virar artista. Eleição para a Academia Brasileira de Letras dá página de jornal.
Já no caso da Academia Brasileira de Ciências, saindo da comunidade científica, é improvável achar alguém que tenha pelo menos noção de onde ela fica, que dirá saber o nome de algum acadêmico.
Há pouco tempo, escrevi o perfil de um jovem matemático carioca, Artur Avila. Boa parte dos meus amigos -alguns deles muito bem informados- não sabia da existência do Impa [Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada], sob vários aspectos a melhor instituição de ensino superior do país (o número de artigos publicados em revistas de circulação internacional de alto padrão científico, por exemplo, põe o Impa de par em par com alguns dos grandes centros americanos de matemática, como Chicago e Princeton).
DESCOLADOS Uma das minhas obsessões é folhear a revista dominical do jornal "O Globo" . Existe ali uma seção na qual eles abordam jovens descolados na saída da praia, de cinemas, lojas e livrarias, para conferir o que andam vestindo. No pé da imagem, informa-se o nome e a profissão da pessoa.
Um número recente trazia um designer, uma produtora de moda, um estudante, uma dona de restaurante, um assistente de estilo, outra designer, uma jornalista, uma publicitária, um "dramaturg" (estava assim mesmo), uma estilista, outra estilista e alguém que exercia a misteriosa profissão de "coordenadora de estilo".
Acompanho essas páginas há um bom tempo, e estatisticamente o resultado é assombroso. Conto nos dedos o número de engenheiros, médicos ou biólogos que vi passar por ali. Eles não podem ser tão malvestidos assim. De duas, uma: ou são relativamente poucos, ou a revista prefere destacar as profissões que considera mais charmosas.
As duas alternativas são muito ruins, mas a segunda 
me incomoda particularmente, pois sei por experiência como é poderosa a atração exercida por algumas profissões com alto cachê simbólico.
Dou aula na PUC-Rio, no departamento de comunicação, que num passado recente oferecia apenas cursos de jornalismo e publicidade. Durante alguns anos, lecionei história do documentário para turmas de futuros jornalistas. Em 2005 foi criada a especialização em cinema -e, hoje, quase todos os meus trinta e poucos alunos são estudam cinema.
PESADELO Existem no Rio quatro universidades que oferecem cursos de cinema; no Brasil, são ao todo 28, segundo o Cadastro da Educação Superior do MEC. No ano passado, a PUC-Rio formou três físicos, dois matemáticos e 27 bacharéis em cinema.
Existem 128 cursos superiores de moda no Brasil. 
Em 2008, segundo o Inep [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira], o país formou 1.114 físicos, 1.972 matemáticos e 2.066 modistas. Alimento o pesadelo de que, em alguns anos, os aviões não decolarão, mas todos nós seremos muito elegantes.
É evidente que um país pode ter documentaristas demais e físicos de menos. 
O Brasil já sofre uma carência de engenheiros. Segundo dados de um relatório do Iedi [Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial] entregue ao ministro da Educação, Fernando Haddad, a taxa de formação de engenheiros no Brasil é inferior à da China, da Índia e da Rússia, países emergentes com os quais competimos.
A Rússia forma 190 mil engenheiros por ano, a Índia, 220 mil e a China, 650 mil, diz o relatório. Nós formamos 47 mil
. Os números da China são pouco confiáveis, mas outras comparações eliminam possíveis dúvidas. A Coreia do Sul, por exemplo, com 50 milhões de habitantes, forma 80 mil engenheiros por ano, 26% de todos os formandos.
Na China, a crer nas métricas, essa proporção chega a 40%. Em 2006, a taxa por aqui era de apenas 8%. Até o México, país com indicadores sociais semelhantes aos nossos, hoje possui 14% de seus formandos nessa área.
ESTAGNAÇÃO Companhias que integram a "Fortune 500", lista das maiores empresas do mundo, mantêm 98 centros de pesquisa e desenvolvimento na China e outros 63 na Índia. No Brasil aparentemente não é feita esta contagem; se o número existe, consegui-lo é uma proeza, o que só confirma a pouca importância atribuída ao assunto. O relatório do Iedi mostrou que os gastos totais em pesquisa e desenvolvimento como proporção do PIB estão estagnados no país. Há cinco anos não cresce o número de empresas que investem em desenvolvimento.
Em 2009, apesar da crise, a Toyota sozinha registrou mais de mil patentes. A soma de todas as patentes requeridas pelas empresas brasileiras não chegou à metade disso, segundo a Anpei [Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras]. Somos detentores de 0,3% das patentes do planeta
. Em termos de inovação, ocupamos o 24º lugar entre as nações. O país prospera à força de consumo, não de investimento ou invenção.
Compramos coisas que foram pensadas lá longe, as quais serão brevemente superadas por outras coisas que também não terão sido pensadas aqui. É um processo estéril. 
Escritores, cineastas e editores de suplementos dominicais se espantariam em saber que, na China, a proficiência em matemática desfruta de uma forte valorização simbólica. Na Índia, um jovem programador de software se sente no topo do mundo. Há pouco tempo, o jornalista Thomas Friedman, do "New York Times", publicou uma coluna sobre os 40 finalistas de um concurso promovido pela empresa de processadores Intel, que premia os melhores alunos de matemática e ciências do ensino médio americano.
Cada um deles solucionou um problema científico. Eis o nome dos jovens americanos premiados: Linda Zhou, Alice Wei Zhao, Lori Ying, Angela Yu-Yun Yeung, Kevin Young Xu, Sunanda Sharma, Sarine Gayaneh Shahmirian, Arjun Ranganath Puranik, Raman Venkat Nelakant -assim prossegue a lista, até terminar com Yale Wang Fan, Yuval Yaacov Calev, Levent Alpoge, John Vincenzo Capodilupo e Namrata Anand.
VALORIZAÇÃO PÍFIA Enquanto isso, como lembra o matemático César Camacho, diretor do Impa, várias universidades brasileiras têm vagas abertas para professores de matemática, não preenchidas por falta de candidatos. A valorização das ciências entre nós é pífia.Sempre me espanto com a presença cada vez maior de projetos sociais que levam dança, música, teatro e cinema a lugares onde falta quase tudo.
Nenhuma objeção, mas é o caso de perguntar 
por que somente a arte teria poderes civilizatórios. Ninguém pensa em levar a esses jovens um telescópio ou um laboratório de química ou biologia? Centenas de estudantes universitários gostariam de participar de iniciativas assim. Com entusiasmo -e um pró-labore-, mostrariam que a ciência também é legal e despertariam talentos. Seria bom também se o nosso sistema educacional fosse mais flexível, com cadeiras de humanidades e iniciação científica no ciclo básico de todos os cursos universitários.
É imprudente tomar uma decisão definitiva aos 18 anos de idade, mas é exatamente o que têm de fazer os alunos ao entrar na universidade -embora, como norma, eles não saibam para o que têm vocação. Uma vez escolhido o escaninho, somem as oportunidades de conhecer outras áreas e eventualmente migrar.
Se em algum momento a vocação se manifesta, em geral o aluno e sua família consideram que é tarde. Circunstâncias econômicas ou psicológicas -começar de novo exige determinação férrea- dificultam muito um ajuste de rota. (Sei bem como é, porque foi o meu caso.) É absolutamente certo que, neste momento, alguns milhares de jovens estão prestes a cometer o mesmo equívoco.
Muitos se revelarão apenas medianos ou preguiçosos, e é provável que a ciência não tenha como alcançá-los. Sem desmerecer os excelentes alunos de cinema, letras ou sociologia, é impossível negar que, para alguém sem grande talento ou dedicação, será sempre mais fácil ser medíocre num curso de humanas do que num de exatas.
Alguns desses jovens sem orientação provavelmente terão inclinação para as ciências e ainda não descobriram. É preciso criar mecanismos que os ajudem a escolher o caminho certo. Infelizmente, as artes e as humanidades, pelo menos por enquanto, não colaboram muito. Ao contrário. Nós disputamos esses jovens e, infelizmente, até aqui estamos ganhando a guerra. 

Folha de São Paulo, domingo, 06 de junho de 2010 

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Malandro

Chico Buarque :
Eu quis fazer um samba em homenagem a mata da malandragem que conheço de outros carnavais.
Eu fui à Lapa e perdi a viagem, pois a tal malandragem não existe mais.

Eu encontrei um malandro de verdade sábado passado. Fui apanhar minha mulher na Brás e enquanto a esperava, parado na fila dupla naturalmente, estamos em Bel City, fui abordado pela figura, o guardador de carros. Percebendo que eu não iria estacionar foi direto ao assunto: Ei cara, me ajuda aí, compra um cartão do baby chá da minha esposa.
A Mirtes entrou no carro o de trás buzinou e eu perdi a oportunidade de comprar o cartão pra mostrar pra vocês.
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Super Saudável, Super Saboroso, Super Fruta!

Este é folder de venda do Iogurte de Açaí que encontrei em Xangai.

Os Lucros que vem da sala de aula

Setor privado de educação brasileiro atrai investidores estrangeiros e já registra um total de operações de aquisição de R$ 1,9 bilhão
Os investidores espicharam os olhos para o setor privado de educação no Brasil. Em pouco mais de um ano, só o mercado de sistemas de ensino (que consiste na produção de metodologia pedagógica e apostilas para venda a escolas públicas e privadas) registrou cinco operações de venda, três delas nos últimos 30 dias.
Somadas, representaram um investimento superior a R$ 1,9 bilhão. No maior desses negócios, a inglesa Pearson (dona do jornal "Financial Times" e da revista "The Economist") pagou R$ 888 milhões para assumir a gráfica e a distribuição de materiais didáticos do Sistema Educacional Brasileiro (SEB).
Esse movimento não deve parar tão cedo. A Kroton Educacional, que já tem 50% do seu capital nas mãos do fundo financeiro internacional Advent, anunciou na quarta-feira passada que estuda novas associações e, eventualmente, a venda de uma ou mais unidades de ensino do grupo.
Os donos da Estácio de Sá, com quase 215 mil alunos e forte presença no Rio, também procuram compradores para suas ações. João Uchôa Cavalcanti Neto e sua filha, Monique Uchôa Cavalcanti de Vasconcelos, vão vender na Bolsa de Valores os 41,7% que detêm do capital da empresa.
— Todo mundo está namorando todo mundo — confirma o consultor Marcos Antonio Boscolo, sócio da KPMG.
O mercado brasileiro de ensino está entre os dez maiores do mundo, com movimento estimado entre R$ 53 bilhões e R$ 55 bilhões por ano.
Este valor considera apenas as mensalidades no ensino privado (básico e superior) e também o giro do mercado editorial (que engloba desde a venda de livros didáticos à produção dos sistemas de ensino).
Estão fora da conta os desembolsos do governo na rede pública.
Em grande parte, a consolidação do setor reflete a confiança dos investidores brasileiros e estrangeiros no aumento da renda média da população e da demanda por mão de obra qualificada nos próximos anos no país.
Agradeço ao Desembargador José Maria Alencar a colaboração.

domingo, 15 de agosto de 2010

Procura-se um Tio Patinhas para o Professor Pardal

Transcrevo o texto do site da Revista HSM Management 
http://hsm.updateordie.com/expomanagement-2007/2010/08/melhor-da-expo-procura-se-um-tio-patinhas-para-o-professor-pardal/
Esse texto é da jornalista Lizandra Almeida: 

Quando se fala em invenção, a imagem que nos vem à cabeça muitas vezes é a do “cientista louco”, aquela pessoa alienada, com ideias que só ela entende, que passa o tempo todo criando longe do convívio social. Essa imagem nunca é associada a alguém com muito dinheiro. O famoso personagem das histórias em quadrinhos Tio Patinhas, por exemplo, financia as pesquisas do Professor Pardal e dali aufere lucros, mas poucos se lembram disso, e o cientista em si está sempre às voltas com suas invenções, longe do mundo material.
Foi essa a premissa da apresentação do coordenador de marketing do Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec), Eduardo Giacomazzi, no ciclo paralelo de palestras da ExpoManagement 2007, que traçou um paralelo entre a invenção tecnológica e científica, a inovação e a criação de riqueza. “Algumas empresas estão começando a dar-se conta de que a inovação é fundamental e hoje o Brasil vive um momento de repensar esses conceitos. Só o iPhone, novo telefone da Apple, teve mais patentes registradas do que o Brasil inteiro no ano de 2006”, afirmou o especialista. A hora, portanto, é de aproximar o Professor Pardal do Tio Patinhas. E o caminho, de acordo com Giacomazzi, passa pela incubadora de negócios. Existem hoje cerca de 350 incubadoras no País. São parques tecnológicos que propiciam a criação desse tipo de ambiente e atraem investidores para que se relacionem com a ciência. “No Brasil, produz-se muita ciência e pouca tecnologia”, disse ele, completando que, basta existir um laboratório para que vão surgindo pesquisadores aqui e acolá. Três gargalos devem ser enfrentados, contudo, para facilitar esse processo:
  1. O baixo domínio do inglês pelos brasileiros é um fator que nos coloca em posição de desvantagem em relação à Índia e à China. “A Índia fatura mais com a exportação de outsourcing do que o aço e a soja brasileiros juntos.”
  2. É preciso acabar com o preconceito que rotula o pesquisador de “cientista maluco”. As inovações e invenções, portanto, devem suprir necessidades. “Nossa visão de invenção é sempre de alguma coisa maluca, que não tem serventia de verdade. Se não for usada, uma inovação simplesmente não existe.”
  3. A aproximação entre universidades e empresas é fundamental. “Hoje a grande maioria das empresas não se relaciona com as universidades. Há muita oportunidade boa para explorar. Campinas é um pólo de biotecnologia, por exemplo; São Carlos é um centro de excelência em fotônica”, observou Giacomezzi. Para tanto, incubadoras como o Cietec, que tem a Universidade de São Paulo (USP) entre seus membros formadores, são fundamentais: o Cietec já formou várias empresas para trabalhar com o que chamamos de ‘tecnologias portadoras de futuro’, como biotecnologia e telemedicina.
E o trabalho do Cietec rende bons frutos: enquanto, no Brasil, 70% das novas empresas morrem em cinco anos, as que saem do Cietec têm um índice de mortalidade de 30% no mesmo período.
O MODELO CIETEC
Entidade privada sem fins lucrativos, a incubadora de empresas Cietec foi criada em abril de 1998, em São Paulo, a partir de um convênio entre a USP, a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico (SCTDE-SP), o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP), a Comissão Nacional de Energia Nuclea por meio do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado São Paulo (IPT), entidades que compõem o Conselho Deliberativo do Cietec. Depois, o MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia) também passou a fazer parte do Conselho.
Atualmente [no final de 2007], o Cietec desenvolve 128 projetos, o que o torna a maior incubadora da América Latina e a segunda do mundo, perdendo apenas para uma incubadora chinesa que tem 250 projetos em andamento. Suas principais áreas de atuação são tecnologia da informação, medicina e saúde, biotecnologia, meio ambiente e eletroeletrônicos. “O Cietec surgiu para ser a incubadora da cidade, para andar ao lado dos departamentos de pesquisa e desenvolvimento das empresas,” diz Giacomazzi.
Em sua opinião, esse tipo de iniciativa está dando frutos inegáveis – um exemplo é a baixa taxa de mortalidade das empresas. Apesar disso, ainda é preciso haver um projeto de país para a área de ciência e tecnologia.
Em outras palavras, o Brasil deveria agir mais como a Índia, segundo ele. “Na Índia, está sendo desenvolvido um projeto que considera cada indiano como um inovador. Foi criada uma rede chamada Honey Bee que envia estudantes para cadastrar ideias em todo o país. Com isso, hoje a Índia responde por cerca de 10% dos registros internacionais de patentes. Inovar é humano, é muito mais simples do que parece.”
http://hsm.updateordie.com/expomanagement-2007/2010/08/melhor-da-expo-procura-se-um-tio-patinhas-para-o-professor-pardal/

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A Universidade do Futuro

Agência FAPESP

Programas de cooperação com outros países serão mais frequentes. Boa parte dos cursos será oferecida a distância. Alunos de graduação terão formação cada vez mais interdisciplinar.
Essas são algumas das tendências que deverão formar o perfil da universidade na década de 2020, segundo Julio Cezar Durigan, vice-reitor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que coordenou o 1º Ciclo de Debates “A universidade pública brasileira no decorrer do próximo decênio” , realizado nesta quarta-feira (11/8) no campus da Barra Funda, na capital paulista.
“O evento foi extremamente produtivo e cumpriu o objetivo de trazer visões de especialistas de outras instituições para contribuir com o debate”, disse Durigan, que preside a Comissão Permanente de Gestão do Plano de Desenvolvimento Institucional da Unesp, à Agência FAPESP.
Uma das tendências mais lembradas no encontro foi a crescente interdisciplinaridade. Almeida Filho falou sobre a experiência da Universidade de Bolonha, na Itália, na qual os graduandos têm uma formação genérica nos três primeiros anos e escolhem uma carreira específica, fazendo um curso de mais dois anos.
“Na primeira fase, o estudante já obtém o diploma de graduação, e, após os dois anos de especialização, sai com o título de mestrado”, disse Durigan. No entanto, segundo ele, há vários obstáculos para que esse modelo seja adotado no Brasil, como, por exemplo, a falta de reconhecimento desse tipo de pós-graduação pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Os problemas também são de ordem prática. “Se um estudante de engenharia, por exemplo, quiser cursar disciplinas em ciências sociais, ele terá dificuldades. Por isso, precisamos facilitar o acesso dos alunos a outras áreas”, afirmou.
O intercâmbio com instituições de outros países foi outro ponto abordado no evento e tido como fundamental para o desenvolvimento da pesquisa brasileira e para o aumento de sua visibilidade no mundo. Um importante obstáculo nesse caso é o idioma.
“Enviamos muitos alunos para intercâmbios em Portugal e na Espanha, por exemplo, mas isso não ocorre com a mesma intensidade com a Alemanha, China e Coreia do Sul”, disse Durigan, destacando que há muitos pesquisadores de outros países que desejam trabalhar com brasileiros.
Para contornar o problema, a Unesp está diversificando os cursos de línguas que são disponibilizados aos alunos, como o curso de mandarim, ensinado em cinco unidades da universidade.
As universidades paulistas também investem no aprofundamento de intercâmbios com instituições para a dupla titulação, em que o aluno faz parte de seu curso no Brasil e parte no exterior e, na conclusão, obtém um diploma reconhecido pelos dois países.

Mais tempo para pesquisa

A universidade da próxima década também terá forte infraestrutura de tecnologias da informação e da comunicação (TIC), segundo os presentes no debate, uma vez que boa parte de sua função educacional deverá ser cumprida a distância.
O ensino a distância é capaz de atender mais pessoas e apresentar qualidade igual ou até superior à modalidade presencial, de acordo com o vice-reitor da Unesp. As TIC também serão uma ferramenta importante nas aulas presenciais. Os docentes deverão manter sites a fim de fornecer os conteúdos que serão abordados em sala de aula.
“Estudos mostram que o aproveitamento do estudante está muito relacionado à disponibilização de material antes da aula, para que ele possa se preparar para o encontro com o professor”, disse Durigan.
Outra previsão é que as novas tecnologias proporcionar mais tempo para o docente se dedicar aos trabalhos de pesquisa e de extensão. Já os serviços de extensão das universidades estarão cada vez mais relacionados com projetos de inovação.
A informática será ferramenta fundamental também na gestão das universidades. “Por estar espalhada por todo o Estado de São Paulo, a Unesp, por exemplo, tem uma logística complexa. Temos que contornar essa questão com a ampliação das ferramentas de comunicação e informação”, disse Durigan.
A criação de planos de desenvolvimento institucionais foi apontada como alternativa para o problema da falta de continuidade de projetos nas universidades.
Ele explica que a existência do Plano de Desenvolvimento Institucional da Unesp impede gestões personalistas em que programas iniciados em outras gestões são abandonados ou descontinuados por novas administrações.
“Pretendemos agora organizar outros debates e visitar as unidades da Unesp para que cada uma desenvolva o seu plano”, disse Durigan.
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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Eu não


Tem gente que se orgulha de Belém ser a capital do Brega.
Eu preferia que fosse a capital do chique.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A arte existe porque a vida não basta.

Ferreira Gular na Flip
Vocês estão cansados de ouvir poeta dizer: fazer poema é um sofrimento. É mentira. Ninguém te obriga a fazer. O poema pode tratar de coisas doidas. Mas como disse Elliot, eu escrevo para me livrar da emoção. O poema é alquimia: transfigura as coisas, transforma a dor em alegria. A arte existe porque a vida não basta.

Enviado de meu iPhone
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O avesso do Caetano

Caetano:
Everbody knows that our city is rebuilt to be destroied.
O avesso:
Everybody knows that our city is destroied to be rebuilt.

Acabou

Mesmo depois de ter sido anunciado o "Crepúsculo do Macho" alguns ritos ainda evocavam o auge do Patriarcado, um deles eram as famosas "três batidinhas". Pois bem, agora, também este costume, festejado com respeito quase religioso nos mictórios, está em extinção. Nos banheiros públicos de São Paulo, toalhinhas de papel podem ser usadas para substituir as hierofânicas batidas.


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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Instalação do cão

Não pense que é uma instalação artística destes eventos culturais. A instalcao demoníaca são embalagens de cerveja que ainda jaziam na Terça de manha no "caminho do Marahú".



terça-feira, 3 de agosto de 2010

Menina de burca

Estava em uma livraria do free shop de Dubai quando vi ao meu lado esta moça de burca. Pensei é a minha oportunidade de fotografar este espécime raro. Saquei meu iPhone e me posicionei, nisto ela levantou a cabeça e eu com sorriso amarelo:



May I? Ela muito naturalmente: Yes, e perguntou: - De onde você é? Do Brasil, respondi. Mas voce parece árabe? - Meu avô era sirio. Depois perguntei de onde ela era, não entendi o que ela respondeu.
Vi que ela tinha rímel e sombra de cor nos olhos e o tecido da burca parecia seda e era todo bordado.
Dai em diante eu fiquei me sentindo como se eu estivesse violando alguma regra.
Nem pedi para tirar uma foto melhor.
Ela se despediu: See you!
Eu achei que ela era feliz. Tão feliz quanto as nossas meninas semi-nuas.
Eu acho que ela voa como voam nossas meninas.
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Burca

Desde a ida para a China, a parada no aeroporto do Dubai, foi pra mim uma experiência extraordinária. A diversidade de pessoas, roupas, cabelos, barbas.
Nada porém me impressionou mais que as burcas, as mulheres de burcas. Senhoras com óculos e burca. Moças com seus namorados, bolsas de grifes famosas e burca Com discrição tentei fotografa-las.



Sempre me dava medo, temia que aparecesse um guardião de harém e me passasse na adaga.
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Aeroporto de Dubai

Por aqui passa o mundo.
Árabes



Negros



Brancos



Islâmicos



Freiras católicas com seus véus.



Mulheres muçulmanas com seus véus.



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